Em uma pequena casa de três cômodos é possível fazer uma pequena viagem no tempo e acompanhar por meio do que foi jogado fora a história de Brasília. Televisões antigas, máquinas fotográficas, brinquedos e tantos outros objetos retratam a realidade de um tempo que não volta mais no Museu da Limpeza Urbana, em Ceilândia.
Mantido pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU), o museu foi idealizado pelos próprios garis que, na época, recolhiam e também recebiam por meio de doações objetos interessantes, tanto durante o trabalho de rua, quanto no processo de separação do lixo nas esteiras da usina. Desde 1996, o museu funciona na usina de triagem de lixo de Ceilândia, responsável pela coleta dos resíduos também de Taguatinga e Samambaia.
O acervo do museu conta com quase 600 peças que podem ser apreciadas por visitantes sem nenhum custo. A memória do DF mistura-se com a história de vida dos próprios moradores e da trajetória do SLU. As paredes estão repletas de fotografias das décadas de 1980 e 1990 da mesma usina de compostagem, inaugurada em 1986 e em funcionamento até hoje.
O museólogo Vinícius Carvalho, 26 anos, integra um projeto para a revitalização de peças do museu para a melhoria das exposições. Ele conta que uma ação está em andamento para que as exposições sejam acompanhadas de aulas de educação ambiental “Estamos tentando fazer parcerias para esse projeto, mas, por enquanto, estamos na fase da higienização dos materiais”, explicou.
A organização do SLU tem interesse em iniciativas que insiram a comunidade dentro de todo o processo que envolve a coleta de lixo. Vinícius compartilha as intenções para essa inserção. “Temos oficinas prontas para oferecer e estamos começando a ter uma conexão maior com as escolas aqui do P Sul para que, posteriormente, possamos fazer esse trabalho em todas as escolas de Ceilândia”, declarou.
Integrante da equipe do museu Elizete Baltazar, 50 anos, trabalha com a organização das peças orientada por Vinícius. “Faço um trabalho de limpeza das peças e participo de exposições itinerantes que são promovidas pelo SLU e que acontecem em lugares com muita visibilidade, como na Rodoviária do Plano Piloto e no aeroporto”, contou.
Ao visitar o museu Jorge Faria, 28 anos, se sentiu numa máquina do tempo. “Me senti passando rapidamente por vários momentos da história. O que mais me surpreendeu foi ver como esses objetos, que antes eram inovações, foram jogados no lixo. E nos faz pensar na importância do trabalho feito pelos garis por toda a cidade”, avaliou.
Atualmente, a equipe esforça-se para implementar melhorias, como um espaço maior, a catalogação das peças e a higienização de forma adequada do acervo. O Museu da Limpeza Urbana funciona de segunda a sexta, das 9h às 17h, no Setor P Sul, em Ceilândia.
Por Bruna Pires
Sob supervisão da professora Isa Stacciarini