Em época de seca no Distrito Federal, o volume da água do lago Paranoá se torna preocupante para vários especialistas e a discussão causa divergência. Para o vice-presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica do rio Paranoá, Paulo Sérgio Salles, o nível do lago pode ser modificado. Além da preocupação do assoreamento e a ocupação desordenada das áreas próximas ao lago, a seca também é um fator que pode influenciar o volume de águas das represas que abastecem o lago Paranoá.
“Por enquanto, o lago ainda tem as fontes que estão abastecendo, e elas ainda tem um volume razoável, mas às vezes, corre o risco desses mananciais irem diminuindo e a renovação do lago vai ficando comprometida e pode vir a perder volume de água também”, aponta Paulo Sérgio. Ele afirmou ainda que é necessário ter uma maior preocupação com a seca, pois, nos próximos dois ou três anos, as represas podem ficar esgotadas e a situação de Brasília se assimilar com a atual condição de São Paulo. “Isso vai ter reflexo na economia, saúde, na qualidade de vida das pessoas e vai causar problemas”, acrescenta.
Consciência
Para Paulo Sérgio, ainda falta planejamento com o esgoto da população, e até então contamos com uma limitação de técnicas para resolver todos os problemas da água, e garante: “O melhor de tudo nesse caos é a gente entender que a gente tem que cuidar da água, e aí vem o princípio que a gente devia tomar consciência da importância e devíamos batalhar muito para que seja alcançado, que é o princípio da precaução”.
Abastecimento
De acordo com o assessor de diretoria da CAESB, Antônio Harada, o volume não é prejudicado pelo clima graças à renovação do volume das barragens que desembocam constantemente. “Esse volume que a gente está retirando não alteraria nada das características do lago e nem reduziria na seca”, disse o funcionário.
O Lago Paranoá está limpo
Atualmente, o lago Paranoá não abastece nenhuma cidade, e para os dois especialistas, o lago estará pronto para abastecer algumas cidades do Distrito Federal nos próximos anos. Para Paulo Sérgio, as barragens não são mais suficientes para suprir as necessidades da população, o que justifica o uso da água do lago para o consumo da população. Conduzido pela CAESB a água vem sofrendo um processo de despoluição em meados dos anos 1970. Todo o esgoto é clandestino (aquele que não é despejado a partir da tubulação das ruas), e a renovação da água é feita constantemente. O tratamento será feito normalmente antes da distribuição para o consumo da população
Hoje a CAESB possui duas barragens de acumulação para o abastecimento urbano: Descoberto e Santa Maria. O objetivo é fazer com que o lago Paranoá sirva para atender 600 mil pessoas na região de Sobradinho, Planaltina, Itapoã, São Sebastião, Lago Norte e condomínios da região norte, inclusive o Grande Colorado.
Por Deborah Fortuna.