Suspensas decolagens simultâneas no DF

COMPARTILHE ESSA MATÉRIA

Em 15 dias, entre os dias 23 de fevereiro e 2 de março, dois acidentes foram evitados pelos controladores de tráfego. Os aviões quase colidiram. O resultado foi uma suspensão desses serviços por tempo indeterminado.

O aeroporto Internacional de Brasília foi o primeiro da América do Sul a permitir decolagens e pousos simultâneos. Desde novembro, essas operações acontecem diariamente. Porém, não durou muito até que os primeiros problemas começassem a aparecer.

Leia mais sobre transportes

Esse evento ocorria de forma normal, já que o aeroporto atende a todos os requisitos de segurança para que isso seja feito, até o dia 2 deste mês. Segundo a Assessoria de imprensa do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), a suspensão segue em vigor. “Não tem data específica para acabar essa suspensão porque está acontecendo a investigação. Enquanto estiver acontecendo a investigação, para sabermos o que realmente aconteceu, a suspensão estará mantida”, afirmou.

Ainda segundo ele, não haverá alteração para a população que utiliza esse meio de transporte. “Não oferece risco porque o aeroporto já funcionava dessa maneira antes de implantar a decolagem simultânea. O funcionamento volta a ser como era e que sempre funcionou corretamente”, confirmou.

Segundo controladores ouvidos pela reportagem, a situação dos profissionais melhorou desde o acidente com o avião da Gol (1907), em setembro de 2006, que matou 154 pessoas. Nestes dois casos, os erros foram dos pilotos. “Possivelmente, o que aconteceu nesses dois casos de Brasília foi que os pilotos, por algum motivo, não observaram de uma forma correta o procedimento de decolagem simultânea que estava previsto e é regulamentado, ele estava certinho, não tinha nenhum erro mesmo. O erro foi dos pilotos de não ter observado a carta com atenção”, explicou. A Associação Brasileira de Controladores de Tráfego Aéreo, ABCTA, conta como mantém a organização do espaço aéreo. “O trafego aéreo é dividido em três atividades, os profissionais que trabalham em torre de controle, nos aeródromos e nas terminais que é aonde tem os radares. Então você tem terminais em torno dessas grandes cidades que coordenam os tráfegos saindo e chegando dessas torres dentro dessa área que é, mais ou menos, um raio de 100 km de um aeródromo importante”, informou.

Ouça aqui entrevista

Essa associação ainda conta com um centro de controle. “E, além disso, para interligar os terminais tem os centros de controle, que são chamados de ACC, eles são os CINDACTAS. Temos quatro CINDACTAS, o 1 que é em Brasília, o 2 em Curitiba, o 3 em recife e o 4 em Manaus. Assim eles fazem a interligação dos voos entre esses terminais ou voando fora dessas terminais”, completa.

A assessoria dos controladores de tráfego aéreo deixa evidente a reflexão da crise da aviação, ocorrida em 2006. “Isso mudou muito, de 2006 para cá, mudou muito, a coisa tomou uma proporção de gasto público muito grande, realmente foram feitas muitas modificações, aeroportos foram reformados, houve muito gasto nisso”, confirmou. “Se você pegar o orçamento do DECEA até 2006 e a partir de 2006, da crise aérea, depois do acidente da GOL com o LEGACY, que foi no dia 29 de setembro daquele ano, as coisas começaram a mudar. Veio a crise, os problemas apareceram de uma forma muito evidente e o gasto publico, com o trafego aéreo, multiplicou diversas vezes”, finalizou.

O ABCTA ainda mostra como ocorreu à intervenção do controlador. “Na verdade, como foi o controlador de torre quem atuou. Ele percebeu que um piloto fez uma manobra não prevista, uma curva acentuada a direita, e conflitou com outra aeronave que estava decolando. Então, quando ele viu, ele acabou tomando uma atitude de restrição”, pontuou.

As intervenções

No dia 23 de fevereiro, dois aviões decolariam simultaneamente do terminal às 7h30, mas em direções diferentes o PR-BSI faria uma curva para a direita logo após deixar o solo, mas acabou virando para a esquerda e invadiu a área do veículo da Força Aérea Brasileira. O controlador percebeu a falha e pediu ao piloto da FAB para interromper o procedimento e alterar a rota.

Em nota oficial, a FAB explicou que os controladores evitaram os acidentes. “Ao perceber a situação, o controlador de tráfego aéreo imediatamente emitiu as instruções necessárias para garantir a segurança dos voos”, apontou em nota.

Por Gabriel Lima

Foto: Fotos Públicas

Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-SemDerivações 4.0 Internacional.

Você tem o direito de:
Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato para qualquer fim, mesmo que comercial.

Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.

SemDerivações — Se você remixar, transformar ou criar a partir do material, você não pode distribuir o material modificado.

A Agência de Notícias é um projeto de extensão do curso de Jornalismo com atuação diária de estudantes no desenvolvimento de textos, fotografias, áudio e vídeos com a supervisão de professores dos cursos de comunicação

plugins premium WordPress