O ex-judoca brasiliense José Mário Tranquillini rebateu as acusações contra o vereador paulistano Aurélio Miguel (PR), campeão olímpico na categoria meio-pesado de judô nos Jogos Olímpicos de Seul (1988), em entrevista coletiva, no dia 22, para a turma de pós-graduação em Jornalismo Esportivo do UniCEUB.
Na opinião de Tranquillini, que representou o Brasil como peso pesado nos Jogos Olímpicos de Barcelona (1992) e se diz “compadre” do colega paulista, Miguel “se meteu” com o então prefeito Gilberto Kassab (PSD) quando presidia a Comissão Parlamentar de Inquérito do IPTU, em 2009 e 2010.
“O Aurélio era um vereador da oposição e, de repente, o Ministério Público inverteu a acusação, que era para ser contra a prefeitura, e começou a pedir informações dele, porque colocaram um promotor lá que é amigo do Kassab”, argumentou Tranquillini. “Político é assim. Você bate e dão na sua cara!”
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo divulgada em 15 de fevereiro, Miguel multiplicou seu patrimônio desde sua primeira eleição para vereador na capital paulista, em 2004, de R$ 1,4 milhão, em valor atualizado, para R$ 25 milhões, em 2012. De acordo com o jornal, parte desse enriquecimento viria de propinas pagas por um esquema que envolvia a construtora Brookfield, a fim de que a CPI do IPTU não revelasse irregularidades em obras de shoppings.
Na época, Miguel usou a tribuna da Câmara Municipal para dizer que não tinha “nada a temer e nada a esconder” e justificou o crescimento de seu patrimônio com heranças e compra e venda de imóveis. “Ele já era bem de vida”, defendeu Tranquillini. “Além disso, a mulher do Aurélio é diretora de banco.”
Oito dias após ter sido aberto, em 20 de fevereiro, o processo contra Miguel na Corregedoria da Câmara foi arquivado, a pedido do vereador Milton Leite (DEM), relator do caso e aliado político do ex-judoca. Para Tranquillini, o fato de o assunto ter saído da imprensa demonstra a tese de vingança política.
Aos 51 anos de idade, Tranquillini é responsável por três escolas de judô para crianças e adolescentes pobres do Distrito Federal, em São Sebastião, Santa Maria e Paranoá.
Como atleta, ele conquistou medalha de ouro no Pan-Americano de Mar Del Plata, em 1995.
Tranquillini se candidatou a deputado distrital em 2010, pelo PMDB, com as bandeiras do trabalho social por meio do judô e da posição de servidor aposentado da Polícia Federal. Ele também se diz amigo do secretário de Esporte, Júlio César Ribeiro. Voltar à política, porém, não está nos planos. “Só me lembro de duas coisas que fiz na vida: treinar e ajudar os outros”, afirmou. “Fui candidato e não quero mais ser. Se eu for, podem me dar um soco.”
Por Rodrigo PdGuerra – Pós-graduação em Jornalismo Esportivo
