Dois anos após o incidente que levou a morte de uma menina de seis anos, afogada dentro de um ônibus no viaduto da QNN 5/7 na Ceilândia, o lugar ainda passa por obras. Em janeiro de 2014, o local ficou conhecido como “viaduto da morte”, após o segundo incidente por afogamento. A vítima foi o estudante Manoel Silva Júnior, 20 anos. Com um histórico de alagamentos e acidentes provocados pela chuva, a Defesa Civil tomou providências em busca de melhorias, mas os alagamentos ainda existem.
Elza Estácio Carneiro, 38 anos, mora em frente ao viaduto e destaca que sempre alagava quando chovia muito. Ela conta o caso da menina Gabriela, que estudava na escola de seu filho. Segundo Elza, o motorista desceu devagar pelo viaduto, porém não viu que estava alagado. Quando tentou sair, o ônibus já estava tomado pela água. “Ele bateu desesperado no meu portão pedindo ajuda, dizendo que a menina estava morrendo. Eu tentei acalmá-lo, porém a única ajuda que eu podia dar era chamar a polícia e o bombeiro”, relatou. A moradora acrescentou que nesse dia choveu muito.
Outra moradora da região, Ivonete de Oliveira Alves, 33 anos, também presenciou o dia do acidente do ônibus. Ela conta que no dia estava cheio de policiais e bombeiros. Segundo o relato, um bombeiro quase se afogou na hora do salvamento. “O ônibus virou os quatro pneus para cima e só dava para ver um pedacinho do veículo”, acrescentou.
Obras
O viaduto foi fechado para obras e liberado em setembro de 2014 para trânsito, com gastos estimados em R$ 1,7 milhão, segundo o Governo de Brasília. Segundo a assessoria da Novacap, a área passa por novas reformas. As obras de complementação da rede de drenagem pluvial do viaduto na QNN 5/7, em Ceilândia, estão em execução. A obra está 52% concluída e a previsão de término é em dezembro, segundo o órgão. O investimento na região é de R$ 3 milhões no total. A primeira obra foi feita para nivelar a pista do viaduto, sentido via Oeste-Leste.
Antes, considerado como um funil por muitos moradores, o viaduto agora apresenta apenas uma pista alta. A segunda reforma é a troca de toda a rede de esgoto para passagem das águas pluviais. Como o fluxo de água que desce na região é muito intenso, as manilhas que estavam instaladas não suportavam a quantidade que recebia, provocando alagamentos. Apesar de ter bueiros no meio do viaduto, nada impediu que o mesmo enchesse e causasse tantos acidentes.
O empresário Fábio Henrique Nogueira, 32 anos, , afirma que antes das obras o viaduto alagava muito, enchia até em cima. Depois da primeira obra em 2014, após a morte do rapaz, diminui o volume de água. Segundo ele, foi feito o ajuste da entrada, diminuindo a altura da pista. Foi a solução de imediato para diminuir o alagamento no local. “Antes isso era um funil, agora mais tranquilo e acumula pouca água”, disse.
A comerciante Doralice Nunes Campos, 74 anos, se vê muito prejudicada com essas chuvas. “Quando chove vem até ali, onde tem uns esgotos. Tenho que abrir um restaurante e não posso por conta do mau cheiro. Por duas vezes foram feitos serviços, mas não chegou a resolver. A primeira reforma já teve diferença porque não afogou mais ninguém”, relatou.
O local é a única passagem para a outra via, por isso está sempre cheia de pedestres, motociclistas e carros. Com as obras, a espera é que acabem de vez os alagamentos, não causando mais danos à população.
Por Jéssica Ferreira