90 anos do voto feminino: pesquisadora explica quem foi Almerinda Gama

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Nesta quinta, dia 24 de fevereiro, data que recorda os 90 anos do direito ao voto para mulheres no Brasil,  a pesquisadora Cibele Tenório vai apresentar elementos importantes da história de uma personagem sufragista alagoana ainda pouco reconhecida até nos livros de história, Almerinda Gama Em debate com Iara Vidal, do canal “Moda e política”, a autora de biografia (ainda inédita e a caminho de publicação) sobre Almerinda tratará sobre sufragismo, feminismo negro e moda.

Almerinda foi sufragista e sindicalista. Foto: CPDOC – FGV

Acompanhe o debate neste link a partir das 20h

Não é novidade que na política concentra-se, como maioria, pessoas de gênero masculino com etnia branca. Mais curioso ainda é o desconhecimento sobre uma das pessoas que tentaram quebrar esses padrões. Almerinda  foi trabalhadora sindicalista, feminista e revolucionária para o seu tempo.

De acordo com Cibele Tenório, que desenvolveu pesquisa sobre Almerinda durante o mestrado em história (na Universidade de Brasília), a personagem invisibilizada até no campo acadêmico teve atuação relevante na trajetória das mulheres para entrarem nesse ramo. Foi uma das primeiras mulheres que tiveram coragem de candidatar-se, dando força as outras do movimento feminista.

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Padrões masculinizados

“Em minhas pesquisas, vi que Almerinda não aceitou ir em um evento, por conta de seu outro trabalho, e que mesmo se pudesse, ela não iria pois não teria roupa adequada para esse evento”, afirmou Cibele Tenório.

Nessa época, as mulheres já tinham um padrão de roupa para demonstrar o seu poder. “Sempre que nós vemos uma deputada, ela põe logo um blazer, um item essencialmente do guarda-roupa masculino, como um item masculino mostrasse poder(…) por que esse pensamento? Será que a gente precisa usar essa roupa pra ser respeitada?”.

Dificuldades

Almerinda era trabalhadora, quis entrar no movimento feminista, pois se interressou, já que sempre tentava um emprego melhor e não conseguia somente por ser mulher. Então, Almerinda, aderiu ao ativismo.

 

“Identificar-se como feminista era e é dificil, feministas eram chamadas de todo tipo de desqualificações”

 

Cibele Tenório alega que nada vem de graça, para tudo há luta na história. “Cada vez que uma mulher vai à urna votar, que a gente entenda que foi graças as sufragistas”, diz jornalista.

O primeiro país a declarar o voto feminino foi a Nova Zelândia em 1893. “O Brasil, em 1932, foi um país atrasado nessa questão. Lógico que a gente tem hoje mais presença no cenário político, mas isso incomoda. Como foi o caso de Mariele Franco que foi censurada (e assassinada). O fato de ser uma mulher, negra e de favela, certamente incomodou”, diz Cibele.

A pesquisadora considera que mulheres na política contemporânea quebram algumas visões. “Taliria Petrone e Áurea Carolina são mulheres que usam roupas normais, que as mulheres usam no dia a dia. A Taliria mesmo já foi barrada na Câmara, porque as pessoas não acharam que era deputada”.

A presença da mulher até hoje incomoda. “Mulheres são interrompidas, cortam nossos microfones na política. Queremos ter mais mulheres, porém mulheres aliadas”.

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Por Monique Del Rosso

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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