Banho do bem ajuda 40 pessoas em situação de rua a cada domingo

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Um banho de amor, dedicação e dignidade é o que o projeto “Banho do Bem” oferece para pessoas que estão em situação de rua no Distrito Federal. O trabalho voluntário acontece todos os domingos a partir das 16h, dentro de um ônibus que fica estacionado na Rodoviária do Plano Piloto. O veículo possui duas cabines com chuveiros e araras de roupas para que os assistidos possam escolher o que vestir, tomar banho, cortar o cabelo, fazer a barba e saírem de lá com sua autoestima renovada. Além disso, existem dois outros projetos vinculados a esse, a “Comida do Bem”, que oferece alimentos, e a “Lavanderia do Bem”, que é um equipamento gratuito para as pessoas que não têm um lar. O projeto não tem fins lucrativos, nem vínculos políticos e religiosos.

A empresária Adriana Calil, de 53 anos, que fundou o “Banho do Bem”, em dezembro de 2017, diz que há dois anos já queria fazer algo em prol das pessoas que não tiveram a mesma sorte que ela. Ela viu uma ideia parecida na televisão e resolveu tomar uma iniciativa e criar o projeto. Um estudante que se identificou como Giovanni Ruggeri, voluntário do projeto há oito meses, diz que “queria poder tirar essas pessoas da rua, mas como não dá pra fazer isso, a gente faz o mínimo, que é dar banho e alimentação. O principal é ver que essas pessoas saem com a autoestima diferente de como elas entraram Os voluntários afirmam que a maior dificuldade que encontram é na parte de doações, principalmente com a falta de roupas masculinas”.

Adriano, de 44 anos, é natural de Montes Claros (MG)

“É muito importante.  A gente se alimenta, toma banho e é visto como cidadão novamente. As pessoas quando veem a gente na sujeira, discriminam a gente”. Essas são palavras de Adriano , de 44 anos, natural de Montes Claros (MG), que está em Brasília há 20 anos e em situação de rua desde 2004. Veio a Brasília em busca de melhores condições de vida, mas acabou em situação de rua por não ter oportunidade de emprego. Adriano já participou do projeto “muitas vezes” e completou dizendo que acha uma iniciativa muito legal e que deveria existir em mais lugares.

Outras pessoas na mesma situação aguardavam na fila para tomar banho e ter seus cuidados, tomaram a iniciativa de contar suas histórias e dizer qual era a importância do projeto em suas vidas. Muitos não são nascidos em Brasília e vieram em busca de emprego. Com a falta de inclusão no mercado de trabalho, ficam sem moradia, sem alimentação e sem condições de voltar para sua cidade natal.

Da África

Uma senhora de 73 anos, nascida no Congo, disse que está há um ano  em situação de rua. Ela participa do projeto há 4 meses e diz “gostar muito”. Ela dorme na parte externa de um hospital em Brasília. Quando é questionada sobre os perigos que enfrenta, ela relata já ter sido assaltada.

Todos os voluntários do “Banho do Bem, têm um carinho muito especial por ela. Eles dizem que está sempre sorrindo e muito bem humorada. Muitas dessas pessoas que estão em vulnerabilidade social tem sua família, amigos, seus estudos e até mesmo sua profissão deixados para trás. É o caso de Fernando, de 25 anos, nascido em Brasília. Era chefe do almoxarifado no Banco Central e está em situação de rua há 9 meses. Quando é questionado sobre o motivo, ele diz: “Família, foi uma opção minha. Eu já estava sendo excluído e decidi sair”. Seu relato chama muita atenção quando ele diz já ter iniciado sua graduação. “Sou um cara muito inteligente, você está por fora. Eu fiz quatro semestres de Educação Física e larguei tudo”.

Por Letícia Perdigão e Beatriz Soares

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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