
Antônio Ribeiro trabalha na construção civil e é pedreiro com carteira assinada há mais de 20 anos. “Fico pouco tempo nas empresas (quatro ou cinco anos em cada uma). É desse jeito. Quando acaba o serviço, vou pra outra obra. Quando não tem, eu sou demitido e tento outra empresa”. A rotina profissional do trabalhador acontece mesmo em um momento em que a construção civil aumentou 6,5% em comparação a 2017, segundo a Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan). Em valores absolutos, são quatro mil pessoas empregadas no mercado de construção.
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O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF) mostra que no ano de 2015 houve crescimento do mercado em imóveis comerciais. Naquele ano, o melhor resultado foi no mês de fevereiro (4,1%). No ano passado, a porcentagem mais alta foi em junho com 2,5%. No setor residencial, essas referências se invertem. Enquanto que em 2015 o mercado de imóveis cresceu no máximo 5,4% (em junho), em 2018, houve um novo fôlego, com 8,6% (em novembro).
No DF, o índice do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para empregos formais, ou seja, com carteira assinada, demonstrou estabilidade. Cenários como esse foram demonstrados na última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada em 22 de fevereiro pelo IBGE.(81,1% das pessoas com carteira assinada). Uélma da Cunha, de 42 anos, afirma que não teve dificuldades com trabalho. Ela foi contratada para atuarar para recursos humanos no ramo da construção civil no mês de novembro de 2018. “Não tive dificuldade de encontrar emprego. Inclusive eu estava empregada. Recebi uma proposta melhor e decidi mudar”.

“Como se fosse uma loja”
Essa estabilidade passa pela política de contratação das empresas.. Dono de uma construtora em Taguatinga, o empresário Ênio Belém explica que as obras seguem calendário de trabalho que leva a contratações e demissões. “O serviço avança e é como se fosse uma loja. No período de natal e ano novo, as lojas contratam bastante e aqui não é diferente. Para adiantar as obras dos apartamentos, contratei pintor, pedreiro, ajudante e servente. Como cada etapa da obra exige um tipo de profissional, então também precisei demitir”. Outro meio que os empregadores encontraram para baratear a mão de obra é a contratação de pessoas sem experiência, como estagiário e jovem aprendiz. Ênio diz que investe nesse perfil de funcionário. “Os estagiários vão pegando experiencia com as pessoas que já trabalham no ramo, que já têm a prática. Por ser mais barato, eu prefiro com certeza”.
O gerente de engenharia da Terracap, Carlos Augusto Ribeiro, afirma que essa rotatividade faz parte das fases do mercado da construção civil no DF. “As condições há quatro ou cinco anos, (o mercado) viveu um momento de auge. Tanto que o Noroeste, que foi um dos empreendimentos que a Terracap vendeu, tinha o metro quadrado em torno de R$ 16 mil ou R$ 17 mil. Hoje você encontra preço por metro quadrado lá (no Noroeste) na faixa de R$ 8 mil. Lógico que quando surgiu foi uma coisa a parte, então os preços explodiram, mas começaram a cair por um hiato que existe entre a de especulação e a situação econômica”.
Ouça abaixo a entrevista
Por Letícia Hudson (texto e fotos)
Sob supervisão de Luiz Claudio Ferreira