
A evolução da tecnologia, principalmente de aplicativos de leitura de textos para cegos, deixou em segundo plano o sistema braille, código composto por 63 caracteres em relevo, formado por seis pontos verticais divididos em duas colunas de três pontos em cada.
O dia nacional do braille é 8 de abril, o que traz ainda mais visibilidade para essa discussão
Apesar dos avanços tecnológicos, um servidor público da Secretaria de Educação do DF tem motivos especiais para defender o sistema.
Charles Jatobá, de 51 anos, tem deficiência visual e ressalta a importância do sistema para pessoas cegas.
Ele transcreve livros didáticos para escolas de Taguatinga. Charles explica que há professores que se renderam à tecnologia e argumentam que o sistema de leitrura está ultrapassado. Não é o que ele pensa.
Jatobá ressalta a importância de saber ler braille e os desafios do dia a dia. “A acessibilidade precisa avançar muito, sobretudo nos hotéis e restaurantes. A gente chega e não tem cardápio em braille. A gente chega para pegar um ônibus na parada e na placa geralmente não tem identificado em braille os ônibus que param ali.”
A falta de leis que obrigam empresas a colocarem rótulos em braille faz com que muitos produtos não sejam identificados de forma adequada. Com embalagens parecidas, muitas vezes só é possível identificar o produto quando ele é aberto, já em casa.
Charles lamenta que as marcas que fazem a transcrição costumam produzir rótulos em baixa qualidade e com grafia errônea. “Fazem acessibilidade por fazer”. Outro problema está nas caixas de remédios que vêm com as informações sobre o nome e quantidade, mas não tem a data de validade.
Acessibilidade
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil tem cerca de 582 mil pessoas cegas. Dessas, conforme um estudo científico feito pela Universidade de Brasília, apenas 13% concluiu o ensino médio e 11% o ensino básico.
Para ser feita uma impressão em braille, é necessária a transcrição, formatação do texto e adaptação dos elementos visuais, requerendo uma mão de obra especializada.
Os custos são mais elevados que em uma impressão normal. Um livro de 300 páginas pode custar R$ 500 a unidade.
Onde aprender braille no DF
Seja por curiosidade ou necessidade, o público que estiver interessado em aprender o sistema braille no DF pode procurar o Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais. O curso existe desde 2012, as aulas ocorrem durante um ano e são gratuitas.
O aprendizado do sistema braille não é algo tão acessível. No entanto, algumas universidades e instituições oferecem aulas gratuitas de braille, uma iniciativa que ajuda a mudar esse cenário e disseminar o uso do sistema para a sociedade.
O curso online de braille da USP é aberto ao público e visa difundir o sistema braille às pessoas que não são deficientes visuais, pois é baseado em animações gráficas que facilitam o aprendizado.
Não é necessário se cadastrar para ter acesso ao material, basta acessar o link e iniciar a sua formação.
Outra opção é o Instituto Nacional de Ensino à Distância Ginead, que oferece cursos de braille online. O curso é destinado a professores, educadores e demais interessados que buscam qualificação profissional e desejam se aprofundar no assunto.
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Por Maria Clara Abreu e Maria Eduarda Oliveira
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira