Saiba mais sobre onde há impressão em Braille no Distrito Federal

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Desde 1998,  dada a demanda de inclusão no setor público, a Gráfica do Senado Federal imprime em Braille, código em relevo especial voltado para pessoas cegas.

O diretor da gráfica, Rafael Chervenski,explica que existem obstáculos porque a tecnologia é restrita e cara no país.

“São poucas as editoras que conseguem publicar em Braile, em que pese a legislação mandar publicar”, afirmou.

Materiais

Ele comenta que os materiais ainda impressos são cartões de visita, identificações que têm pela casa com nome da obra de arte e nome do gabinete.

Ricardo Meirelles, chefe de serviço da gráfica, explica que é complexo buscar fornecedores no mundo inclusive para manutenção. “Mas capacidade editorial, poucos lugares têm”.

Marivaldo da Silva, que trabalha como impressor responsável pelas máquinas, duz que existe um padrão de impressão.

“Se a impressora falhar, a gente consegue identificar o padrão. A linha ou a coluna que falharam na impressão”, comenta Marivaldo.

Cartões estão entre os produtos
Ricardo Meirelles, Marivaldo da Silva Santos e Rafael Chervenski

Para pedir impressão em Braille, é necessário solicitação oficial. “O caminho é por meio de instituições de atendimento às pessoas cegas. A instituição pode solicitar ao Senado Federal por ofício para livros@senado.leg.br ou pelos contatos por telefone que nós orientamos que é preciso fazer e solicitar essa doação”.

Por conta do avanço da tecnologia como leitura de telas, por exemplo, o diretor da gráfica acredita que a alfabetização em Braille é um ponto necessário para que as pessoas com deficiência visual sejam independentes.

“Muitas pessoas cegas, utilizam com bastante habilidade o celular, leitores de tela, os audiolivros, só que isso acaba limitando em outro aspecto”, comenta.

Rafael acredita que as novas tecnologias existem para somar. “a gente tenta sempre ampliar as possibilidades, mas não tratar com rivalidade, digamos assim, entre os meios de acessibilidade. Eles têm que se somar e tem que ser os mais amplos possíveis.”. 

Além de ter impressor responsável, existem também revisores que, em sua maioria, são pessoas com deficiência visual.

“Nós temos certo orgulho de falar isso porque temos revisores altamente qualificados, são de nível superior.” comenta Rafael. 

Os revisores verificam os materiais confirmando se não tem erros como pontuações ou se as tabelas estão sinalizadas.

Vera Regina e Karina, deficientes visuais de nascença, são revisoras dos materiais em Braille da gráfica. “Eu  aprendi o Braille e encaro como um desenvolvimento pra gente que nos gerou emprego na gráfica e gerou também condições pra gente estudar e qualificar”, diz Karina. 

Vera Regina lendo em braille do livro “Arquivo S – O Senado na História do Brasil” em Braille
Regina Almeida lendo o “Arquivo S – O Senado na História do Brasil” em Braille

Vera Regina comenta que, ao ler o Braille, o revisor gente pratica a leitura. “Nós temos mais concentração, prestamos mais atenção no conteúdo”.

Charles Jatobá, presidente da associação Blind Brasil, também entende que o braille tem papel importante ainda.

Charles lendo em braille

O Instituto atua na produção de impressos em Braille, materiais didáticos e oferece serviços e cursos de Braille e de audiodescrição.

“A gente doa Bengala, cesta básica, faz a parte de distribuição de alimentos, eventos culturais, campeonatos  de dominó, várias atividades para as pessoas com deficiência.” comenta. 

Trabalho do Instituto Blind Brasil em braille

Charles já trabalhou na gráfica do Senado Federal como revisor de texto em Braille de 2010 até 2013. “

Senado é o único parlamento no mundo a ter em suas instalações uma gráfica de produção em Braille para cegos. É o único parlamento no mundo que tem essa tecnologia, que tem essa produção”.

E a respeito dos recursos tecnológicos como leitor de tela, por exemplo, o presidente da associação pensa que são possibilidades para melhorar e serem apenas mais uma ferramenta de alcance na busca de conhecimento.

“A tecnologia não substitui o Braille e nem o Braille substitui a tecnologia, eles andam juntos”. 

Placa do Instituto

Charles explica que o Braille pode ser produzido tanto de forma manual, com regletes e máquinas de datilografia, como de forma elétrica, impressoras e a linha braille. Muitos dos equipamentos vêm do exterior e por isso, tornam a produção mais cara.

“Nós temos um custo muito elevado em função do governo ainda  tarifar diversos equipamentos, o que torna a produção um pouco onerosa para quem faz.”

Máquina manual: Perkins Brailler do Blind Brasil
Máquina Elétrica: Juliet Pro 60 do Blind Brasil

O Instituto promove diversos eventos que visam a confraternização de pessoas cegas, como por exemplo o de Páscoa que acontecerá no próximo sábado(19) das 14 às 17h no Riacho Fundo 2. O presidente da associação afirma ser muito importante a doação de chocolates para a festa. “De preferência caixas de bombom, pois podem ser compartilhadas com um maior número de pessoas”, diz Charles.

Por Beatriz Ocke e Natalia Francescutti 

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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