A máquina é ligada. O barulho chega ao ouvido. Os fios somem, mas a cabeça não fica mais leve. As pessoas neste lugar não escolhem o corte. É como se a autoestima fosse embora com tudo o que cai em volta dos pés. “É muito cabelo no chão. Você fica realmente careca. Aí a gente analisa e vê que está na merda, né?”
O relato é de Adilson Pimenta, de 44 anos, que ficou em regime fechado durante 3 anos e 4 meses. Ele saiu do Complexo Penitenciário da Papuda em março de 2022 e comentou que, na prisão, existe hora para tudo. Para dormir, acordar, comer e tomar banho de sol. A hora só não existe para cortar o cabelo.
Quem decide o momento em que isso deve ser feito é o policial penal, anteriormente chamado de agente penitenciário. De acordo com a lembrança do ex-detento Tiago Alves, de 41 anos, os guardas observam os presos através das grades e apontam o dedo para os que estão com o cabelo grande.
Ou então isso acontece quando é feita a fila para entrar na cela. “Eles olham para cada um e mandam os cabeludos para o canto. Depois disso, a gente cortava e eles só levavam de volta quando a gente estivesse ‘no padrão’”, declarou.
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Por Luana Corrêa