Imigrantes buscam fugir da vulnerabilidade em dias de saudade no DF

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Sob inspiração de ‘Sabiá’ – Chico Buarque e Tom Jobim e ‘Canção do Exílio’ – Gonçalves Dias. Ouça a música e leia a poesia.


Em 29 de setembro de 1968, durante o III Festival Internacional da Canção, a saudade fez nascer uma das mais marcantes obras da música popular brasileira. Naquela quinta-feira, a dupla Chico Buarque e Tom Jobim subiu ao palco para apresentar, pela primeira vez, a canção “Sabiá”. Quem sai de casa, atravessa oceanos e estradas, pode se sentir feito uma ave migratória, que voa para regiões mais quentes durante o inverno, levanta voo em direção a uma esperança de futuro.

Chico tinha 24 anos quando escreveu “Sabiá” em 1968, mesma idade que tinha o jovem Dibonan Wilfried Kevin Koné em 2020, quando saiu de Abidjan, capital econômica da Costa do Marfim, para vir para Brasília junto da irmã mais nova. “Depois do ensino médio, eu sempre tive essa vontade de sair do país para ter outras experiências, aprender outras culturas e fazer minha vida com isso. Eu queria fazer comunicação audiovisual, e sei que esse lado da comunicação tem muito a ver com a cultura”, contou.

Falante nativo do francês, Dibonan deixou os pais e outros sete irmãos para se aventurar com o português por meio do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) — iniciativa do governo brasileiro que oferece a estudantes estrangeiros vagas gratuitas para graduação completa no Brasil, a partir de um processo seletivo junto à embaixada brasileira. “Saí do meu país já sabendo que cursaria audiovisual na Universidade de Brasília (UnB), que era o meu sonho desde sempre. Eu sabia que ia fazer um curso de português na UnB durante uns seis meses, depois fazer uma prova de proficiência e, se passasse, começaria a minha graduação”, lembrou.

Contudo, não esperava que, um mês após a chegada em Brasília, em março de 2020, enfrentaria a pandemia de covid-19. “Eu fiquei preso em casa, no Riacho Fundo, tendo aulas virtuais com três professores. Com o tempo, os professores sumiram e a UnB não teve condições de aplicar a prova de proficiência. O tempo foi passando e, em 2021, decidi ir a Belo Horizonte (MG) fazer a prova lá. Deu certo.” Dibonan pôde, então, iniciar a graduação em audiovisual na UnB.

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