Pelo menos 90 mil famílias estão acampadas a espera de uma propriedade rural, segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Dados do IBGE consideram que a família brasileira é composta em média por quatro pessoas. Em base a esses números, 360 mil pessoas vivem sem condições de habitação e acesso a terra para produzir.
A concentração de terra é um problema que tem sua origem na ocupação na época da coroa portuguesa no século XVI. O latifúndio, uma herança das sesmarias, é hoje responsável pela falta terra para milhares de famílias. Nesse contexto, há duas forças em conflito no campo. A primeira é representada pelos movimentos de campesinos que lutam pela democratização da terra e trabalham com agricultura familiar. A segunda é representada pelos latifundiários do agronegócio focado na monocultura.
Na agricultura familiar, o Brasil conta com 614.093 famílias assentadas que plantam e colhem em terras demarcadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Essas pequenas propriedades foram entregues à população sem condições econômicas para adquirir e manter um imóvel rural desde 1990. Os dados disponibilizados pelo Instituto apontam que no total, o país conta com 85,8 milhões de hectares destinados à reforma agrária e um total de 8.763 assentamentos atendidos.
Pequenas Propriedades
Um levantamento feito pelo Incra e pela FAO, órgão das Nações Unidas responsável pela agricultura e alimentação, indica que as pequenas propriedades representam 85,5%dos estabelecimentos produtivos do campo, mesmo ocupando 30,5% das terras agriculturáveis. Segundo a Organização das Nações Unidas, 70% dos produtos da base alimentar na mesa do brasileiro são produzidos pelas lavouras da agricultura familiar.
Reforçando o dado sobre a desigualdade na distribuição da terra, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), entidade ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),analisa que, 62,4% da área do total das terras cultivadas no país são improdutivas. O Incra contabiliza 40% das terras brasileiras como improdutiva.
Por Guilherme Cavalli