Vozes do Planeta: conheça o jornalismo socioambiental independente de Paulina Chamorro

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Com quase 10 anos de podcast centrado em pautas do meio ambiente, a comunicadora destaca desafios e a relevância da cobertura ambiental no país

Apesar da evolução do jornalismo nas últimas décadas, produzir conteúdo ético e independente continua sendo um grande desafio. Na cobertura ambiental nacional, essa dificuldade é ainda mais evidente: o conflito entre patrocínios corporativos e pautas de interesse público em diversas ocasiões força jornalistas a buscar o caminho da independência editorial. É o caso de Paulina Chamorro, referência na cobertura de pautas socioambientais no país, que há mais de 10 anos sustenta de forma autônoma o podcast Vozes do Planeta.

Paulina Chamorro / Crédito: Gabriela Di Bella

Para Chamorro, “o grande desafio (da cobertura jornalística socioambiental) é não cair num discurso radical, mas também não se omitir. E no jornalismo científico, é conseguir transpor barreiras, tornar a ciência acessível, além de enfrentar o problema da desinformação, dos dados maquiados e da falta de checagem”.

Nesse cenário, falar sobre ciência e pautas socioambientais com clareza, responsabilidade e atratividade é, portanto, uma forma de fortalecer o papel social do jornalismo como mediador entre o conhecimento científico e a população. 

A jornalista destaca que o jornalismo ambiental é, além de tudo, sobre posicionamento. “Se me chamam de ativista, eu sou. E se é para defender uma pauta socioambiental, que inclusive está na Constituição, então sou mesmo. Eu acho que não existe uma pauta mais importante hoje no mundo do que o que está acontecendo com o nosso planeta”, declara.

Independência editorial

Por obter uma linha editorial própria, o Vozes do Planeta aborda assuntos frequentemente ignorados pela grande mídia. A apresentadora acredita que manter-se livre da pressão editorial de agências ou empresas permite preservar a qualidade jornalística e ética dos temas abordados no programa. “Eu escolho as vozes que eu quero amplificar, sem precisar me submeter a interesses econômicos”, ressalta. 

A autonomia de Paulina não é devido à falta de oportunidades e nem por falta de vontade de capitalizar o seu trabalho, é resultado da escassez de patrocinadores que compartilhem dos mesmos ideais que a jornalista. “Tentei comercializar o podcast, mas as propostas que surgiram não eram viáveis para mim – eram de petroleiras, mineradoras… Então, preferi manter a independência editorial”, aponta Chamorro. A comunicadora confessa que a maior dificuldade para se inserir no mundo emergente dos podcasts foi fazer com que as empresas entendessem o valor do conteúdo.

Além do Vozes do Planeta, a atuação da jornalista consiste na gestão de projetos diferentes para que consiga seguir com o programa. “Hoje, adaptei a minha vida para fazer outras coisas que possam manter o podcast, porque avalio muito bem as parcerias que fecho. Eu prefiro manter o nome do programa, a reputação que ele alcançou, do que trocar isso por um ou dois meses de patrocínio”, conta Paulina.

O Vozes do Planeta

No ar desde 2016 e um dos pioneiros no quesito podcast sobre temas socioambientais no Brasil, Paulina Chamorro aborda temas diversos no projeto, como ciência, meio ambiente, economia e cotidiano. “Meu papel é prestar um serviço para a sociedade, trazendo vozes que muitas vezes não são escutadas”, afirma.

O Vozes do Planeta apresenta fases de experimentação e mudanças referentes a um projeto de quase 10 anos de existência. O programa possui atualmente 262 episódios, com uma variação de tempo entre 7 a 75 minutos. Cada entrevista apresenta pelo menos um convidado especial e já contou com diversos parceiros ao longo dos anos.

A convite da idealizadora da Rádio Vozes, Patrícia Palumbo, Chamorro iniciou o projeto como parte da programação da rádio web, que mescla assuntos de interesse social com diversos estilos de música. “O podcast nasceu como uma continuidade do programa que eu tinha na Rádio Vozes, que, por sua vez, era uma extensão do Planeta Eldorado, onde trabalhei por 10 anos”, conta. As primeiras edições da série em áudio eram disponibilizadas no site da rádio e na plataforma SoundCloud, ato que o classifica como um podcast desde o princípio.

Reportagem Mural

Os alunos de Jornalismo do 7º semestre do CEUB, por meio da disciplina de Jornalismo Científico e Ambiental, sob orientação da professora Mônica Prado, promoveram de 8 a 29 de maio a exposição “Jornalismo de Ciências e de Ambiente no Brasil: Ícones do Passado, do Presente & do Futuro”, que abordava personalidades do jornalismo de ciência e ambiental no Brasil.

Reportagem Mural realizada pelos alunos do 7º semestre do CEUB / Crédito: André Ramos

Figuras como Eliane Brum, Ana Carolina Amaral, Giovana Girardi, Maristela Crispim, André Trigueiro e Paulina Chamorro foram destacadas pela contribuição ao gênero jornalístico. Ao todo, quinze murais foram apresentados, nos quais reuniam informações profissionais e acadêmicas acerca dos profissionais e um breve estudo de caso sobre os respectivos trabalhos que desenvolveram ao longo da carreira.

Na entrevista, Paulina Chamorro destacou a ação realizada pela faculdade: “é muito importante este tipo de trabalho, algo maravilhoso. Fico muito feliz de saber que faço parte das aulas de futuros jornalistas”.

Confira a entrevista

Por Amanda Canellas e Maria Clara Abreu

Supervisão de Mônica Prado e Luiz Claudio Ferreira

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