“Nossa luta é sempre pelo futuro dos jovens e dos nossos filhos”, afirma Luana Kaingang, coordenadora geral da Articulação de Povos Indígenas do Sul (Arpinsul) e artesã. Nesta semana, ela esteve em Brasília em ato por demarcação de terras.
Luana, que vive em um território já demarcado localizado no bairro de Tristeza, em Porto Alegre, faz o curso de direito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e relata que muitos jovens saem do território para estudar e retornam dando suporte à sua comunidade.
Ainda expõe que grande parte da fonte de renda do seu território é derivada da venda de artesanatos, e que, com as mudanças climáticas, há dificuldade de encontrar algumas matérias-primas para a sua confecção.
Territórios indígenas demarcados preservam a biodiversidade, a flora e a fauna do país, segundo estudo do MapBiomas (2023), que mostra perda de 1% de vegetação nativa em terras indígenas nos últimos 38 anos, enquanto propriedades privadas devastaram 17% da vegetação. O ato de Segunda-Feira (13) demandava a demarcação de 104 terras indígenas antes da Cop30.
Filho no colo
Kauane Felix, do povo Kaingang, também do Sul do país, nasceu e cresceu em seu território em Nova Laranjeiras, no Paraná. Quando nasceu, seu território já era demarcado.

Com seu filho de 2 anos nos braços, Kauane relata o preconceito sofrido pelo seu povo, pelas pessoas que vivem perto de seu território: “Eles ainda nos veem como vilões da história, pois nosso território foi demarcado e tivemos que expulsar os invasores. Essas pessoas – os netos e bisnetos – sempre vêm com preconceito.”

Terras indígenas da amazônia foram apontadas como fortes sumidouros de carbono, removendo 340 milhões de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera entre 2001 e 2021, demonstrando a importância da demarcação dos territórios não só para a preservação ambiental, mas também a proteção dos povos originários do Brasil.

Por Gabriela Cidade (texto e fotos)
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira