Perfil: ex-viciado já ajudou 2.500 pessoas

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Ele já foi viciado em maconha, cocaína e até crack. José Henrique da França, fundador da organização não-governamental “Salve a Si”, conseguiu uma reviravolta de vida impressionante. Ajudou pelo menos 2500 pessoas a se recuperarem de dramas como o dele. Quem o vê hoje não imagina o que ele passou até os 28 anos de idade.  Agora, aos 41, casado e pai de dois filhos, Henrique garante que conseguiu superar o vício das drogas. Filho de pioneiros de Brasília, neto de um ex-deputado federal e ex-ministro do Tribunal de Contas do DF (Manoel França Campos), era o caçula de três homens, vivia em uma família aparentemente equilibrada e harmônica.

Assista a entrevista

Aos 11 anos de idade o brasiliense teve sua primeira experiência com o álcool e a maconha, desde então passou a “viver pra usar e usar pra viver”.  Henrique diz que, normalmente, as pessoas associam o uso de substancias psicoativas com um trauma sofrido, mas os principais motivos são a curiosidade e a falta do dialogo familiar. O que o levou, segundo ele, a se tornar um dependente químico foi a total falta de aceitação pessoal.

Ouça entrevista de rádio

Para ele, a pré-disposição ao vício era presente na vida, já que o avô tinha envolvimento com o álcool. Com essa facilidade, ele se tornou dependente químico muito rápido. “Da maconha para merla, da merla para o LCD, do LCD para cocaína e depois, (chá de) cogumelo. Até que me tornei dependente de cocaína por muitos anos, com o uso esporádico do crack”. Aos 19 anos já havia sido internado “inúmeras” vezes, mas sempre negava o tratamento e, por fim, saiu da casa dos pais.

Aos 28 anos, foi preso por tráfico de drogas, com 15 kg de cocaína em Paris.  Foi condenado a 15 anos de prisão, teve a pena reduzida por trabalhar dentro do presídio, foi deportado para o Brasil e solto em 2006. “Saí realmente com muita dificuldade de integração social e voltei pro uso (das drogas), porque na prisão eu não tratei isso. Mas aí eu passei pro crack, quis me matar, tive uma depressão muito profunda, porque a minha autoaceitação provia do que os outros pensavam de mim”.

Recomeço

Em 2008, ele resolveu pedir ajuda para uma comunidade terapêutica em Brasília, onde ele fez e concluiu o tratamento. Foi durante esse processo que França descobriu o seu dom em ajudar o próximo. Passou a fazer um tratamento paralelo com os colegas do acolhimento, onde eles trocavam suas experiências, e para Henrique aqueles momentos eram fantásticos. Quando completou seis meses de sobriedade, dia 10 de novembro de 2008, ele foi presenteado com o nascimento da primeira filha.

Um mês depois, França fez um curso em São Paulo na Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas, onde, hoje em dia, ele compõe a diretoria como conselho deliberativo. Ao retornar para Brasília, assumiu a presidência da casa de recuperação onde se tratou e  simultaneamente abriu outra casa de acolhimento.  Com menos de um ano de sobriedade, Henrique já administrava dois centros de tratamento, uma filha recém-nascida e uma esposa maravilhosa.

Mergulhado em uma nova expectativa de vida, Henrique resolveu se dedicar a ONG que ele fundou, batizada com o nome “Salve a Si”. Hoje, a ONG dele já ajudou mais de 2.500 pessoas. O tratamento é completamente gratuito, atende qualquer religião, qualquer homem, desde que seja maior de 18 anos. A forma que ele trabalha é de um modelo totalmente assistencialista, “a pessoa me liga a cobrar a qualquer momento, do dia e da noite, se eu vejo que ta me ligando, se eu consigo pegar aquela ligação, imediatamente encaminho ele pra fazenda, e a partir disso, a gente vai procurar todos os equipamentos de saúde, psiquiatria, dentários e psicológicos pra garantir que ele permaneça conosco.”explica  Henrique. Para ele, o que o mais deve ser levado em consideração é o pedido de ajuda, pois a mente do dependente químico é totalmente volátil, a partir do momento que o paciente pede ajuda a ONG tem o objetivo de abraçar aquela causa. “A vida é um tesouro imensurável e a gente tem que dá total valor a isso. Eu acolho todos que me pedem ajuda.”
Por Ana Clara Tonissi

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