Refugiados no DF têm dificuldades em arrumar emprego

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Eles viviam em cenários de guerra civil e resolveram atravessar o oceano para recomeçar a vida com a família. No Distrito Federal, no ano passado, pelo menos 1,1 mil pessoas solicitaram apoio do Instituto Migração e Direitos Humanos (IMDH) assim que chegaram ao Distrito Federal.

O afegão Saifuddin Sediqi, 40 anos, era caminhoneiro no país de origem. A esposa trabalhava como enfermeira. Além da dificuldade em conseguir emprego, Saifuddin  lamentou que a mulher não está em condições de trabalhar atualmente. Hoje, moram no bairro de Riacho Fundo I. “Dois anos atrás, ela estava grávida de gêmeas e fez uma cirurgia complicada.  Só uma das meninas sobreviveu, Maria Sediqi, que está tomando leite em pó e consome quatro latas por mês”, explicou.

Assista a trecho de entrevista

Também residente no mesmo bairro, o congolês Nelson Kifindi Lufu, 47 anos, é  outro refugiado que vive o drama de poucos recursos para sustentar a família no Brasil. Nelson trabalha como jardineiro e ganha R$ 1 mil por mês, valor que precisa ser suficiente para sustentar a esposa e seus três filhos. Ele chegou em fevereiro desse ano, junto com a família do irmão, Romain Romain Musoki, 37.

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Os dados são referentes a 1.100 pessoas atendidas pela ONG

 

Os irmãos decidiram sair do país após militares do Congo atacarem Romain por ter se recusado a ir para um conflito. Por conta de um golpe com o cabo da arma que recebeu na coluna, ele ficou sem o movimento das pernas. Após o ataque, os militares vieram atrás dele de novo. “Eles foram até a nossa casa, tentaram arrombar a porta, mas felizmente não conseguiram”, conta Nelson.

Assista a trecho de entrevista

Bicicletas

O IMDH e a ONG Rodas da Paz fizeram doação de 34 bicicletas em abril para refugiados no DF, o que foi uma boa novidade para essas pessoas.  O afegão Saifuddin Sediqi  explica que o transporte  é usado para ir ao mercado, para a esposa estudar e para os filhos brincarem. Depois de um ano no Brasil, ele tem esperanças de um futuro melhor. “Minha mulher está angustiada por não saber português e eu por não poder dar melhores condições para minha família. Esse começo está difícil, mas eu acredito que aos poucos a nossa situação vai melhorar”.

Segundo Nelson Kifindi Lufu, as bicicletas foram um presente muito bem vindo. “Com as bicicletas que ganhamos, nós vamos ao mercado, praticamos exercício físico e meus dois filhos vão para escola”.

Apoio

O IMDH oferece ajuda a essas pessoas com assistência social, acompanhamento no processo de refúgio e documentação, elaboração de currículo em português e apoio financeiro, mas o grande objetivo é fazer os refugiados serem independentes. Um processo demorado que, nessa época de crise econômica no Brasil, é ainda mais difícil.

Doar bicicletas em conjunto com a Rodas da Paz é algo para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. “As ONGs procuram ajudá-los com atitudes fraternas, compreendê-los, animá-los, dar-lhes esperança e a possibilidade de recuperar a autoestima, a confiança na possibilidade de viver longe de conflitos, guerras e perseguições. (…) Na medida do possível essa ação terá continuidade, pois é algo que realizamos com satisfação”, declara a Diretora do IMDH, Irmã Rosita Milesi.

Por Elvis Costa

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