Conhecer técnicas de autodefesa pode fortalecer emocionalmente uma pessoa. Esse é o posicionamento do professor Rômulo de Abreu Custódio, de 47 anos. Ele tem experiência em treinamentos para diferentes públicos, incluindo policiais.

Foto de arquivo pessoal
Durante um evento científico no Centro Universitário de Brasília (Ceub), o Conecta, Custódio destacou que a defesa pessoal vai muito além da força física.
“A confiança e o domínio de qualquer situação que seja envolvida”.
A proposta da aula era ensinar técnicas que evitam o confronto direto e priorizam a segurança e a leitura do ambiente.
O que fazer
Uma das orientações práticas ensinadas foi a de não deixar o agressor ultrapassar a distância de um braço.
Além disso, manter os braços à frente do tronco pode proteger contra golpes diretos.
Outro ponto importante, segundo o professor, é manter a calma e demonstrar controle emocional. “Dar razão à pessoa brava e não gritar” são caminhos para ajudar a reduzir o estresse do agressor e evitar o agravamento do conflito.
Entender o cenário
Questionado sobre o maior erro das pessoas em situações de risco, Custódio avalia que é quando a pessoa não entende a situação, não entender o cenário. Na defesa pessoal a gente faz a pessoa ter uma leitura do cenário para poder agir.”
A aula também abordou o impacto psicológico da prática regular da defesa pessoal. “Quando você está treinando, você não vai se colocar em situação de risco. Isso vai te dar vários benefícios. Não só em situações de risco, mas em seu trabalho, em sua família, em todos os sentidos”, explicou.
Ao contrário do senso comum, que associa a defesa pessoal apenas às mulheres, o professor enfatizou que “qualquer um pode e deve praticar”. A defesa pessoal é, afinal, uma ferramenta de proteção e fortalecimento emocional acessível a todos.
Conscientização e preparo
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2024), a violência contra crianças e adolescentes permanece alarmante no Brasil. A faixa etária mais afetada é a de 5 a 9 anos, que representa 35,7% das vítimas de maus-tratos.
Logo atrás estão as crianças de 0 a 4 anos, com 25,1% dos casos. Essa alta vulnerabilidade está ligada à dependência direta de cuidadores, que frequentemente são os próprios agressores.
A faixa etária de 10 a 13 anos representa 24,9% das vítimas, mostrando que o risco não diminui com a idade. Já entre adolescentes de 14 a 17 anos, a proporção ainda é significativa: 14,2%.
Em 93,8% dos casos, os maus-tratos ocorrem dentro da residência da vítima e são cometidos por familiares. A violência doméstica, portanto, é a forma mais comum e silenciosa desse tipo de crime.
Educação para a segurança
Diante desse cenário, ações como a aula de defesa pessoal ganha ainda mais relevância.
A atividade promove não só técnicas físicas de autodefesa, mas também consciência de risco, postura e confiança, ferramentas essenciais para prevenir situações de violência e aumentar a segurança no dia a dia.
Por Maria Luiza Campelo
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira