Enquanto tramita no Congresso a Proposta de Emenda à Constituição, de autoria da deputada federal Érika Hilton, que acabaria com a escala de seis dias trabalhados para um de descanso, funcionários que atuam na área de serviços gerais, por exemplo, não sabem o que é lazer.

“Atualmente eu não tenho tempo de lazer, é só trabalho”, diz a brasiliense Francisca das Chagas, de 57 anos, que foi mãe solo de dois filhos.
Saiba mais da proposta em https://www.camara.leg.br/noticias/1136412-pec-preve-carga-horaria-semanal-de-36-horas-com-escala-de-quatro-dias-de-trabalho-e-tres-de-descanso/
Trabalhadores de serviços gerais como ela vivem com um salário mínimo. Em Brasília, isso significa gerenciar uma dificuldade diária no sustento.
A profissional diz que está prestes a se aposentar. Ela diz que é mãe solo, e teve a grande satisfação com a formatura dos filhos.
Francisca relata ter ficado sabendo da proposta do fim da escala 6×1 que corre no Congresso e afirma: “Oro a Deus que isso aconteça, pois assim eu terei pelo menos o sábado e o domingo, né? Atualmente eu quase não tenho tempo de lazer, é só trabalho”.
Felicidades
Francisca orgulha-se de ambos os filhos. William tem 31 anos e irá se formar no ano que vem em enfermagem, o que a mãe considera uma vitória pois, quando mais novo, ele “não queria saber de estudos”. Ítalo Gabriel (25) já é advogado. Ela diz que sente o dever cumprido.
Outro profissional, o auxiliar de serviços gerais Jailson Bonfim, de 47 anos, reconhece o orgulho em formar uma filha professora de crianças especiais.
Acordar cedo
As histórias apresentam pontos semelhantes: ambos trabalham no Plano Piloto. Eles dizem que precisam acordar de madrugada (antes das 4h da manhã).
Francisca mora em Planaltina (DF) (a 40 km do trabalho). Jailson é da xará Planaltina (GO), a 55 km de onde ganha a vida.
Francisca acorda às 3h da manhã para conseguir pegar o ônibus das 4h. Uma rotina que faz parte da vida dela desde que precisou trabalhar em dois empregos para ganhar a vida.
Jailson conta com a ajuda da esposa para criar as duas filhas, sendo que a mais velha já contribui com as despesas da casa.
Os dois colegas narram o orgulho em ver os filhos criados e formados: “É orgulho demais”, afirma Jailson, cuja filha mais velha formou-se recentemente em Pedagogia e está trabalhando com crianças especiais. “É muito bonito ver a Geovanna cuidando das crianças. À noite, ela faz uns cadernos para cada uma. Se o menino gosta do Homem-Aranha, no outro dia ele vai ganhar um caderno todo enfeitado”, narra o trabalhador.
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Por Danilo Lucena
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira