Há 18 anos, Papai Noel atua em shoppings do DF e encontra no trabalho um novo sentido para o Natal

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O motorista aposentado João Batista de Oliveira Neto, de 78 anos, atua há 18 anos como Papai Noel no Distrito Federal e Entorno. Ele encontrou na figura natalina não apenas uma renda extra, mas também um novo sentido para o período de fim de ano.

Foto: Victória Souza

A trajetória de João como Papai Noel começou de forma informal, dentro da própria família. Com o tempo, ele passou a ser convidado para eventos e, posteriormente, para atuar em shoppings da região. Quando iniciou na atividade, não houve processo seletivo formal nem exigência de cursos específicos. “Foi só na base da experiência, conversando”, afirma.

Atualmente, ele trabalha vinculado a uma empresa especializada em personagens natalinos.

Apesar de não ter participado de processos mais recentes, João afirma que o mercado passou por mudanças ao longo dos anos. Segundo ele, hoje há mais exigências para quem deseja atuar como Papai Noel em shoppings, incluindo processos seletivos e critérios definidos pelas empresas responsáveis. Por estar há muitos anos na atividade, o entrevistado afirma não ter informações detalhadas sobre os atuais processos de seleção e capacitação. 

Rotina de trabalho

No segundo ano consecutivo de atuação no Pátio Brasil Shopping, João cumpre jornada das 10h às 22h, com intervalos para almoço, jantar e lanches ao longo do dia. O trabalho se estende do início de novembro até o dia 24 de dezembro.

As roupas e acessórios utilizados pertencem à empresa contratante e ficam armazenados no próprio shopping. O deslocamento até o local de trabalho é feito em carro próprio. 

Durante o período natalino, o Bom Velhinho atende crianças e famílias no Natal Rubi Iluminado, na Praça Central do Pátio Brasil Shopping.

Selfie

O público pode registrar fotos com celular próprio ou optar pela fotografia profissional feita pela equipe. As imagens são impressas na hora, com moldura temática ou em formato de calendário. Também há uma caixa especial para que crianças deixem cartas, além de um espaço destinado a fotos de animais de estimação.

Os valores cobrados pelas fotos variam conforme a quantidade: uma foto custa R$ 25; duas, R$ 45; e três, R$ 60. 

Contato com o público

O trabalho envolve contato direto com crianças e seus responsáveis. João relata que já enfrentou situações delicadas com pais que interpretam gestos de forma negativa, mas afirma que procura não se desgastar. “A gente não liga muito. Só deixa passar, senão vai atrapalhar”, diz.

Os pedidos das crianças variam de brinquedos a itens de uso pessoal, como mochilas, livros e calçados. “Tem pedido de todo jeito, a gente fica ouvindo de todo lado”, afirma. Um dos episódios mais marcantes aconteceu em Águas Lindas de Goiás, quando uma criança pediu um pai como presente, após o assassinato do pai cerca de um mês antes daquele Natal. “Ela ficou uns 15 minutos ali em volta vendo as outras crianças, não quis entrar. Quando foi, ficou olhando. Perguntei por que estava daquele jeito. A mãe falou que o esposo havia sido assassinado. Esse pedido foi o que mais me marcou”, relata.

Mesmo após o fim do expediente no shopping, João mantém a tradição de visitar seis casas na noite de Natal todos os anos. As visitas são realizadas de forma independente e fazem parte da rotina que mantém há anos. “Sempre quando chego em casa já chego por volta de meia noite e meia, uma hora. A turma já está esperando”, conta.

Fora da temporada

No restante do ano, João aproveita o tempo para viajar e praticar pesca com a família, atividade que diz gostar. Aposentado, ele não exerce outra atividade profissional fora do período natalino. Ele conta que deixou de atuar como Papai Noel apenas em um ano, durante o período mais crítico da pandemia de covid-19. “O Natal passou em branco pra mim”, afirma.

Segundo João Batista, atuar como Papai Noel tornou-se parte da rotina anual. “O ano que eu não faço Papai Noel pra mim tá faltando alguma coisa, sinto falta, faz parte do Natal pra mim”, conclui.

Por Victória Souza

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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