“Já trabalhei em mais de 50 enterros em um dia na pandemia”, diz coveiro; saiba mais sobre a rotina desses profissionais

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Com o céu completamente acinzentado, o cemitério Campo Da Esperança, localizado na Asa Sul, recebeu mais uma vez eventos de despedida e sepultamento. Diante da dor alheia, profissionais buscam fazer o serviço com tranquilidade.

Cemitério Campo da Esperança. Foto por: Leonardo Rodrigues

Um profissional que pediu para ser identificado apenas como Rosalias, de 58 anos, diz que trabalha há quatro anos na atividade. Ele começou a trabalhar em um cemitério em 2020, durante o pico da pandemia, quando o aumento das mortes trouxe vários desafios sem precedentes.

Início na profissão

Rosalias admite que entrou nesse trabalho por acaso, após um período de desemprego. “Surgiu uma vaga e resolvi tentar”. No início, ele acreditava que o trabalho seria como qualquer outro. Contudo, percebeu que lidar com a dor das famílias enlutadas era uma tarefa desafiadora.

A rotina de Rosalias não é fácil. “Às vezes, as famílias ficam agressivas, não aceitam o momento e acabam descontando na gente. Já aconteceu de jogarem coisas ou até tentarem nos agredir”, recorda.

Ele enfatiza a carga emocional faz com que a atividade se torne extenuante. O horário de serviço é das 8h às 18h, e mesmo com a dificuldade, ele se acostumou com o tempo.

“No começo, dava uma sensação estranha, mas hoje, não sinto mais nada’’

A pandemia e seus efeitos

A média é de 20 a 30 sepultamentos diários, contou o coveiro, entretanto, por causa da pandemia, Rosalias enfrentou um aumento significativo na demanda. “Tinha dias com mais de 50 corpos para sepultar”.

Para dar conta do volume, a equipe recebeu reforços, com trabalhadores chegando mais cedo para preparar as covas. Contudo, após esse período crítico, as atividades retornaram a uma rotina.

Por Leonardo Rodrigues, Marcelo Thompson e Pedro Vianna

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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