Problemas de Mobilidade e Ocorrências Técnicas
Não é de hoje que os usuários do Metrô-DF manifestam insatisfação com os serviços disponibilizados pelo transporte e suas questões de infraestrutura. No ano de 2022, os passageiros foram surpreendidos e prejudicados pela ocorrência repentina de panes nos painéis de sinalização. Entre as estações, os painéis apresentam defeitos de tela ou até mesmo ausência para manutenção, que dentro de um período mínimo de 6 meses, ainda não foram repostos e seguem em funcionamento divergente.
Além dos painéis, problemas como lotação, falta de organização da frota de veículos, panes técnicos repentinos e pontualidade, são grandes queixas dos usuários do transporte.
A estudante e técnica de enfermagem, Gabriela Ferreira, aborda a situação de forma crítica.
“De noite ele demora muito para passar. Às vezes, quando saio da aula fico meia hora esperando o trem, e muitas vezes ele sinaliza um Samambaia daqui 8 minutos, e então, do nada vira Ceilândia e o Samambaia passa para 25 minutos ou mais. Esse tipo de problema não deveria acontecer. Se fosse uma vez ou outra… Mas é algo recorrente”.
Gabriela Ferreira
O passageiro Leonardo Barros, de 38 anos, alega que esse problema afeta diretamente sua rotina de horários, pois precisa fazer o uso da integração de transportes para chegar em seu destino.
“Esses problemas ou paradas afetam a rotina pelo fato de eu sempre estar fazendo alguma integração, e o atraso de um, impacta em outro. Se o metrô não chegar na hora, não vou conseguir pegar o ônibus sequencialmente.”
Leonardo Barros
É de conhecimento geral dos passageiros que em horários de pico o transporte disponibiliza uma maior quantidade da frota de trens, que de forma controversa, sofre de trânsitos e paradas súbitas em seus vagões superlotados. São comuns relatos de lentidão anormal nos percursos. Trajetos que durariam, em média, de 10 a 15 minutos, passaram a levar cerca de 20 a 30 minutos.
Reparos
Em nota, a companhia do Metrô-DF garante que há um programa permanente de manutenção qualificada e um cronograma de manutenção preventiva, buscando minimizar as ocorrências de falha nos trens e sistemas.
“A inoperância dos painéis de intervalo é de ciência do setor técnico responsável e tramita atualmente um processo para a aquisição de novos equipamentos, tendo em vista que não há solução viável para o reparo”.
Assessoria Metrô-DF
Segurança
Até o mês de setembro de 2022, foram recebidas pela ouvidoria do Metrô 1850 reclamações referentes ao vagão exclusivo para mulheres, tendo como destaque a falta de segurança do transporte.
São poucas as estações que possuem policiamento no andar do trens, impossibilitando o contato imediato a partir do uso indevido do vagão. Entre as 15 mulheres entrevistadas pela reportagem, 12 relataram ocasiões desconfortáveis ocorridas dentro da área exclusiva e a dificuldade em recorrer a auxílio imediato.
A estudante Júlia Reis, de 19 anos, faz uso do vagão exclusivo duas vezes por dia no caminho entre a faculdade e sua casa. Ela diz ser comum o uso indevido do vagão por passageiros que tiram proveito dos benefícios de ocupação, logo, acabou se acostumando. Porém, em um dia em que voltava da aula, destaca um momento onde se sentiu assustada e vulnerável.
“Estava no início do túnel quando um homem entrou no vagão exclusivo. Ele estava com uma mala de viagem e mexendo com todas as mulheres em volta. Entre desconforto e medo, esperávamos a próxima estação com esperança de encontrar um funcionário por ali. Seguimos o percurso inteiro do túnel até a estação Shopping apreensivas. Por ser uma estação onde é comum encontrar seguranças no andar dos trilhos, ele se levantou e saiu correndo assim que as portas se abriram. Foi horrível, dentro do túnel não temos sinal de telefone e são estações quase sempre vazias. Naquele momento, se ele quisesse fazer alguma coisa, teria tempo e liberdade o suficiente para tentar”.
Júlia Reis
Além dos problemas de fiscalização e segurança, passageiros PCDs se queixam a respeito da acessibilidade das estruturas. Quando os vagões estão superlotados, a entrada de suportes de locomoção, como cadeiras de roda e andadores, é impossibilitada, tornando o transporte pouco viável.
A companhia alega buscar novas medidas de intensificação da fiscalização e melhoria, porém, afirma que não há efetivo humano o suficiente para acompanhar os trens simultaneamente, o que resulta em atuações aleatórias dos funcionários.
Estações
Atualmente o Metrô-DF possui 27 estações em funcionamento, e sua grande maioria apresenta problemas técnicos e organizacionais. A estrutura das estações foi construída para atender uma média elevada de demanda, porém, na prática, seu funcionamento entra em conflito em horários de fluxo anormal devido ao funcionamento reduzido. O destaque desse problema está em catracas quebradas, falta de funcionários no guichê, filas não planejadas e manutenção dos caixas eletrônicos.
Para diminuir esse congestionamento, a companhia Metrô-DF garante que está investindo na modernização do sistema de bilhetagem em parceria com a Secretaria de Mobilidade. Na última atualização do equipamento, foi implementada a compra de passagens a partir de cartões de crédito e débito aproximando-os diretamente na catraca.
A companhia promete dar continuidade no projeto de modernização da bilhetagem, e possui projetos em andamento para a compra de passagens online.
Pesquisa de Satisfação
O Metrô-DF garante assumir o compromisso legal com o Plano Plurianual do Distrito Federal, diretrizes e metas da administração pública, no quadriênio de 2020-2023, onde anualmente a companhia deve apontar indicadores de desempenho acerca dos serviços através da pesquisa de satisfação.
Os dados das pesquisas são divulgados pela própria companhia em seu site. Em contrapartida, estão divulgadas nos sites apenas as pesquisas de 2020 e 2022, quebrando assim o compromisso legal do Plano Plurianual.
Em 2022, dos 160 mil usuários do transporte, foram entrevistados pela companhia dois mil novecentos e vinte seis(2.926) passageiros, os dados foram registrados em formulários via papel impresso e posteriormente transferidos para o meio eletrônico.
O Metrô-DF alega dificuldade em realizar as entrevistas presenciais através de meios eletrônicos devido a inconsistência de sinal nos túneis subterrâneos, e que as pesquisas foram amplamente divulgadas nas mídias da empresa e nos painéis das estações. Os entrevistados desta matéria não tinham ciência a respeito da pesquisa realizada pelo Metrô.
Cabos roubados
Em 2023, o serviço de transporte foi surpreendido por um furto dos cabos de fibra óptica, provocando perda de sinalização do sistema, e consequentemente, paralização da prestação de serviços. Muitos passageiros souberam da ocorrência somente nas estações, e alegam que o aplicativo estava fora do ar naquela manhã.
Entre altos e baixos, o serviço metropolitano do Distrito Federal é apontado como um dos melhores do país, ficando atrás para São Paulo e Rio de Janeiro.
Com medidas diferenciais, como o pagamento por aproximação e a implementação dos vagões exclusivos, a companhia dispõe ótimos recursos para melhoria, porém, certa dificuldade no aperfeiçoamento de seus serviços atuais. É de destaque a importância da opinião popular para investimentos e melhorias.
No site do Metrô-DF, estão disponibilizadas diversas informações de serviços, projetos e dados em constante atualização. Para reclamações, elogios, sugestões e atendimentos direcionados, recomenda-se o uso da ouvidoria, via internet, telefônica ou presencial. Os números de contato também estão sinalizados em anúncios nas estações e nas partes superiores dos vagões. Segue os dados de contato da ouvidoria:
WhatsApp: (61) 99265-1178
Telefone: 162
Posto Presencial: Sede da empresa – Palácio do Buriti, 12 andar, sala 1203
Por Eduarda Senna
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira
