Brasília sedia edição nacional do maior festival de tecnologia e inovação do país. O evento reúne participantes de todo o Brasil com programação voltada para o futuro e transformação social.
Estande do Universo 3D – Campus Party 2025 / Crédito: Cecília Péres
Com início na quarta-feira (18), Brasília se tornou o centro da inovação e da tecnologia com a chegada da Campus Party Brasil 17, que acontece pela primeira vez na capital federal.
Realizado no Estádio Mané Garrincha, o maior festival de tecnologia, ciência e empreendedorismo do país promete atrair mais de 150 mil pessoas até domingo (22).
O evento contará com uma programação intensa com conteúdos sobre Inteligência Artificial, Blockchain, Internet das Coisas, Cultura Maker, Sustentabilidade, Educação e Empreendedorismo.
Com um público diversificado, que inclui 20 mil pessoas circulando pela Arena e 2 mil campuseiros acampados no local, a Campus Party 2023 será um espaço de aprendizado e troca de experiências.
Além de palestras, workshops e exposições, o evento ainda reserva atrações como batalhas de robôs e experiências imersivas, focadas na construção de um futuro mais colaborativo e sustentável.
Oportunidades
Organizado pelo Instituto Campus Party em parceria com o Governo do Distrito Federal e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do DF (SECTI-DF), o evento é considerado uma oportunidade única para jovens, empreendedores e especialistas do setor tecnológico trocarem conhecimentos e explorarem as últimas inovações.
Além dos grandes nomes do setor tecnológico, a edição nacional também se destaca pela diversidade de perfis entre os participantes.
É o caso de Maria Luiza, 19 anos, estudante de engenharia da computação, que viajou do interior de Pernambuco para estar em sua segunda Campus Party.
“Minha maior expectativa é aprender, ouvir a experiência de pessoas que já estão na minha área e também me divertir. Eu só quero que tudo aqui seja leve e pleno”, contou.
Pela primeira vez acampada no evento, ela diz ter vindo “na cara e na coragem”, motivada pela vontade de conhecer palestrantes que admira e trocar experiências com pessoas de todo o país.
Maria Luiza, universitária de Belo Jardim(PE) / Foto: Riânia Melo
“Democratizar a tecnologia”
O presidente do Instituto Campus Party e porta-voz do evento, Francesco Farruggia, destacou que a escolha de Brasília para sediar a edição nacional foi estratégica, visando ampliar o acesso e democratizar o conhecimento tecnológico.
“Nos outros países do mundo, nós fazemos a Campus Party na capital do país, mas aqui, iniciamos em São Paulo” , declarou.
Inteligência artificial
Ao falar sobre o evento e seu propósito em levar conhecimento sobre tecnologia, e coisas relacionadas, para pessoas da área e para o público em geral, Francesco pondera que quando se tem conhecimento, não o que temer a tecnologia. “É isso que acontece com as pessoas e a inteligência artificial.”
Durante a entrevista, Farruggia também destacou que eventos como a Campus Party são essenciais para preparar as novas gerações para um futuro cada vez mais guiado pela inteligência artificial.
“Hoje, temos uma das melhores iniciativas do Brasil — e talvez da América Latina — sobre agentes de IA. Os jovens que participam aqui saem com uma visão muito mais clara do que são essas tecnologias e como usá-las. Quem não se inscreve, perde a chance de entender o que vai dominar o mundo nos próximos anos”, afirmou.
Para ele, a verdadeira força do evento está na troca entre os participantes. “A Campus não é só sobre grandes palestras ou nomes famosos. O que realmente muda as pessoas são as comunidades que se formam aqui, os campuseiros que ensinam uns aos outros, que compartilham projetos, ideias, startups. É ali que nasce a inovação de verdade”, afirmou.
Segundo ele, essa construção coletiva é o que torna o evento tão poderoso na democratização do conhecimento tecnológico em todas as regiões do país.
Francesco Farruggia, presidente do Instituto Campus / Crédito: Cecília Péres
Manual do Mundo
Entre as atrações mais aguardadas da programação esteve Iberê Thenório, fundador do canal Manual do Mundo, que acumula mais de 19,5 milhões de inscritos no Youtube. Em entrevista, Iberê falou sobre a importância da curiosidade científica e do “faça você mesmo” na formação de jovens inovadores.
“Você vê crianças de 9 anos super interessadas e ao mesmo tempo uma fileira de autoridades de 60 que também querem entender daquele assunto que você tá falando. Esse é um desafio muito grande, mas também um sinal muito positivo. Isso mostra que ainda há sede por conhecimento”, afirmou.
Outro ponto abordado por Iberê foi o impacto da IA no mercado de trabalho e na formação das novas gerações. Ele demonstrou preocupação com a forma como a facilidade proporcionada pela tecnologia pode afetar a disposição das pessoas em aprender de forma autônoma.
“Assim como acontece com o músculo quando você para de usar, o cérebro também atrofia áreas de conhecimento que você tinha antes”, comentou.
Segundo ele, ferramentas como tradutores automáticos e calculadoras já provocaram esse efeito, e a IA tende a intensificar esse fenômeno.
“A gente vai ter seres humanos menos complexos, com pensamento mais simples do que a gente tinha antes da inteligência artificial — e eu diria até antes da internet.”
Durante a conversa, Iberê ainda refletiu sobre como essas tecnologias vêm transformando o cotidiano e a produção de conhecimento.
Para ele, apesar dos avanços, a IA ainda está longe de replicar as percepções e as experiências humanas, especialmente em processos criativos e educativos.
“A inteligência artificial ainda não substitui a intuição humana. A gente precisa ter um filtro muito forte para usar o que ela sugere, senão o resultado pode ser entediante. Mas ao mesmo tempo, percebo uma evolução — estamos no começo do começo”, afirmou.
Iberê Thenório, Fundador do canal Manual do Mundo / Crédito: Riânia Melo
A estrutura do evento inclui espaços como o Open Campus — com entrada gratuita ao público geral —, além da Arena, onde ocorrem as principais palestras, workshops e hackathons.
Destaque também para o espaço de empreendedorismo, com pitchs de startups, e a área maker, com oficinas de impressão 3D, marcenaria digital e prototipagem.
Ao longo dos cinco dias, a Campus Party Brasil 17 deve promover mais de 300 atividades, com a presença de pesquisadores, programadores, influenciadores e investidores.
Mais do que um festival de tecnologia, a edição brasiliense consolida a Campus como um espaço de inclusão digital, formação cidadã e estímulo à inovação colaborativa.
Confira a programação do evento
Por Riânia Melo, Cecília Péres e Maria Eduarda Barros.
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira