O mês de junho chegou e, com ele, uma das épocas mais esperadas do ano. Repletas de guloseimas, brincadeiras e dança típica animada, as festas juninas conquistaram o brasiliense. Além dos festejos de São João tradicionais em igrejas, as comemorações com bandeirolas alcançam, agora, grandes eventos, misturas culturais e até projetos junto à comunidade.
Segundo o padre Godwin Uchego, da Paróquia São Judas Tadeu, na Asa Sul, as festas juninas começaram como uma homenagem aos três santos do mês de junho: Santo Antônio, São José e São Pedro. Inicialmente as festividades surgiram a partir de brincadeira de pessoas ao redor de uma fogueira. Depois, passou para o rito tradicional, principalmente em igrejas católicas. Hoje as festividades começam em maio e vão até julho.
História
As festas juninas são tradições de povos muitos antigos. Começaram na Antiguidade Clássica, período de muito frio, e mudanças climáticas, em que tribos comemoravam os plantios, adoravam deuses, em principal, a deusa Juno.
Segundo a professora de história Layra Sarmento, a Festa São João foi uma forma da igreja católica batizar as comemorações em substituição a deusa Juno. No início o catolicismo denominou as celebraçõescomo Festa Joanina. “Por fim, com as novas adaptações da festa no mês junho, ela ficou conhecida por junina”, explicou a historiadora.
Segundo a professora, a tradição da festa junina é importante por causa da memória e pertencimento. “Elas orientam as pessoas e, também, servem como forma de renovação de ciclos. Tem um perfil de agregar valores”, esclareceu. “A comercialização de uma tradição reduz e dissemina o sentido do São João”, acrescenta.
Festas juninas
Com muita diversão garantida, a festa promete apresentações de grande atrações tanto na música quanto na dança tradicional do Japão e grupos que se destacaram no concurso de karaokê no DF. “As principais atrações são Taiko de Okinawa, música japonesa com cantores que se destacam nos concurso de karaokê do Distrito Federal e Bon Odori (dança tradicional). O público pode contar com um ambiente verdadeiramente rural e boa comida, com preços justos”, complementa Nelson.
E, para os amantes de comida japonesa e brasileira, haverá culinária bem diversificada. Serão oferecidos pratos típicos da comida Japonesa como yakissoba, tempurá de legumes, udon, sashimis, temakis, sushis, gyoza. E ainda doces japoneses como os manjus e mochis (doces feitos com arroz e feijão azuki). “Para comida brasileira não pode faltar o pastel, churrasquinho, bolos, canjica, arroz doce, caldos e muitas outras delícias”, garante Nelson.
Raquel de Araújo Rodrigues, 38 anos, se empolga ao tratar de festas juninas. Ela frequenta todos os anos e conta que gosta de participar. “Eu só não danço em grupos específicos, mas nas festas juninas sempre que me chamam eu entro na roda e começo a dançar”, destaca.
Elisa Ribeiro, 26, repara que o ânimo das pessoas muda nessa época. Ela costuma frequentar as festas juninas das igrejas. “Além de esperar todo mês de junho para comer canjica, amo a energia das pessoas. Acho que elas ficam mais alegres nas festas juninas. Eu costumo ir com frequência todos os anos na das igrejas Perpétuo Socorro e São José”, especifica.
Festa em praça pública em Ceilândia
No Setor P Sul, em Ceilândia, a comunidade conta com uma festa junina beneficente. Francisco Carlos da Silva, 56 anos, começou a organizar este tipo de evento na comunidade pela falta de opção de lazer e, segundo ele, “descaso e omissão das autoridades”.
O projeto Som na Praça foi criado junto com a população. A partir disso, surgiu a comemoração junina. As principais atrações são barracas de cachorro quente, churros, maçã do amor, caldos, canjica, quentão, bolos e curau. “Entre as atrações temos o grupo de quadrilha Sanfona Lascada , concurso de forró, o grupo de dança urbana Tekamul e música ao vivo com cantores da própria comunidade apresentando voluntariamente, pois o evento não tem fins lucrativos, mas, sim, social e comunitário”, explica Carlos.
Para ajudar os moradores e integrantes, o evento vai contar com um bingo solidário para um morador e integrante do projeto que precisa fazer uma cirurgia bariátrica e para o grupo de dança que necessita de recursos para competir em um festival no Rio de Janeiro.
Comemoração de São João
O especialista Fernando Pereira da Silva explica que, com a disseminação do cristianismo na Europa, os fiéis deram origem a essas festas com o intuito de comemorar São João em 24 de junho, período do solstício. Segundo Fernando, a festa chegou ao Brasil com os colonizadores e os primeiros a celebrarem essa data no país foram os índios. “Em toda a Península Ibérica o culto a São João é dos mais antigos. Além disso, a celebração para comemorar o santo foi largamente utilizada para a catequização de índios e, posteriormente, de negros. O primeiro registro de festa comemorativa a São João aconteceu em 1583”, completa.
Situação econômica
Para o economista, Ronalde Lins as festas juninas movimentam a economia local. Segundo ele, principalmente a pequena e média empresa se beneficiam diretamente com as vendas de produção de roupas e alimentos. “Mas é preciso estar em alerta para o consumo inconsciente e impulsivo, pois são nas datas comemorativas que podem surgir endividamentos”, esclarece.
Ele explica que o comércio vive das oportunidades e da criatividade. “A oportunidade de saber comprar e vender nas datas comemorativas e a criatividade de observar como aumentar sua produção e venda, seja por meio de uma oferta ou pelas datas comemorativas”, ressalta.
Por Beatriz Souza e Mariane Rodrigues
Arte: Alice Vieira
Sob supervisão da professora Isa Stacciarini