Cinema: Falta acesso para cegos e surdos

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“Agora, aparece um galpão, onde está tudo escuro. Apenas um fio de luz vaza do telhado e ilumina o casal. Joana e Francisco vasculham pistas, levantam um velho tapete, pegam uma enxada, abrem o baú. A surpresa é que…”. Não há surpresa para quem tem algum tipo de deficiência visual ou auditiva. No Distrito Federal, as salas de cinema não oferecem áudio-descrição (para cegos) ou intérprete em Libras e legendas em filmes nacionais (para surdos). Mas o amor à sétima arte independe de todos os sentidos e essas pessoas pedem mais oportunidades para viver a emoção de um filme, sem surpresas interrompidas.

Klaus Braga, 36 anos, é deficiente visual e presta serviço voluntário para a associação Brasiliense de Deficientes Visuais, na quadra 903 da Asa Sul. Klaus apontou uma grande dificuldade dos cegos em assistir a um filme, a contextualização da trama. Os filmes hoje em dia se baseiam mais na imagem e som do que em textos. “Já aconteceu de eu assistir a um filme somente com o som [sem áudio-descrição] e achar que o filme era um gênero, mas na realidade era outro”, frisou.

O membro voluntário da associação lembrou de uma tecnologia usada na Copa do Mundo 2014 que ele apontou ser simples e bem eficaz. A tecnologia se baseava em usar a frequência de rádio FM exclusivamente para transmitir a áudio-descrição. “É uma possibilidade mais flexível, separar uma banda de frequência para essa atividade. Com isso, cada um leva seu Smartphone ou leva um rádio FM qualquer e sintoniza a frequência da áudio descrição, resolvendo o problema”.

Saulo Machado, 29 anos, que é crítico de cinema, é cego de nascença. Ele diz que as legendas não fazem entender por completo a trama, mas é de grande ajuda por ajudar no desenvolvimento do português. “90% dos surdos preferem as legendas, pois elas nos fazem abrir a mente a respeito da literatura”, contou.

O crítico afirmou que há um grande problema nas janelas de intérpretes, elas são colocadas pequenas demais e nem sempre a pessoa da janela tem domínio total de libras. “Mas, é importante ter as janelas de intérprete por representar a acessibilidade”, explicou. Saulo finalizou indicando dois filmes que o faz se emocionar, Adorável Professor e O Milagre de Anne Sullivan (que conta a história de uma menina que nasceu cega e surda).

Mudanças para o futuro

O produtor audiovisual Mauro Araújo vai lançar, em março de 2016, uma websérie chamada “Vida de Rei”. Ele pretende demonstrar a vida de uma pessoa com deficiência visual, momentos de superação e apontar caminhos para inclusão na sociedade. “Escolhemos a TV porque ela permite colocar várias tecnologias que possibilitam o acesso para deficientes visuais, como a Áudio-descrição para cegos e Closed-Caption para os surdos”, explicou.

Confira o boletim na íntegra:
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Para mais informações da websérie, clique aqui.

Por João Victor Bachilli

Foto: Creative Commons

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