Dia das namoradas: não aderir à monogamia não significa “oba-oba”, explica psicóloga

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“O meu relacionamento não é monogâmico. A gente tem liberdade para se relacionar afetivamente e sexualmente com qualquer pessoa de interesse”. A universitária  Letícia Coelho Figueiredo, de 22 anos, vive um relacionamento não monogâmico há 8 meses.

Atualmente, ela namora duas mulheres. As duas se namoram também e ambas têm outros namoros que não me incluem. 

Vai ser o primeiro dia dos namorados (ou namoradas) do trisal. Letícia garante que tem bom relacionados com todas as pessoas com quem elas se envolvem. 

Foto: Bianca Albuquerque / imagem ilustrativa

Responsabilidade

O desafio da não monogamia exercita uma autonomia afetiva e uma responsabilidade com o sentimento do próximo, como explica a psicóloga e sexóloga Adelita de Andrade Monteiro, de 46 anos.

O processo da relação não monogâmica não é “oba oba”, como ressalta a profissional. Ela avalia que a terapia pode desempenhar papel essencial para quem vai experimentar esse tipo de relação. 

A psicóloga explica que muitos casais entram na não monogamia de forma muito impulsiva sem se importar muito com os sentimentos do parceiro e acabam se atropelando.

Ciúme

 “O ciúme é uma emoção humana. Então não é porque as pessoas decidiram se abrir para o amor e libertar as suas relações para outras vivências amorosas. Não é porque escolhem a liberdade que não vão ter ciúme”, considera.

A especialista alerta que o ciúme não é um “botão” que se “desliga” automaticamente. No relacionamento de Letícia, por exemplo, o ciúme sempre foi tratado entre as três como um sentimento a ser resolvido pessoalmente. 

“Mas o ciúmes sempre foi tratado de forma a se entender que é um sentimento que a gente sente para a gente. A gente não pode pesar esse sentimento para o outro e sim entender o porquê que a gente está sentindo isso”.

Conversar foi um caminho para que a relação fosse viável. Inclusive, para tentar amenizar os efeitos desses episódios de “crise”. 

Preconceitos 

Letícia é a única pessoa da relação que já revelou para a família ser não monogâmica e diz que o preconceito familiar em relação à isso foi até maior do que a homofobia que já sofria antes por ter revelado ser lésbica. 

No entanto, a estudante de biologia afirma ter encontrado a forma de relacionamento ideal. “Eu me entendo como uma pessoa apaixonada por gente e eu amo criar relações novas”. Ela diz que gosta de criar histórias, sentimentos e bloquear sentimentos ruins. “Uma relação só não faz sentido na minha cabeça mais”, pondera Letícia.

A construção do preconceito com a não monogamia é cultural, segundo Adelita Monteiro. A sexóloga diz que somos educados pelo amor romântico e engessado entre duas pessoas e, em sua maioria, héterossexuais. 

Contudo, a profissional defende que existam relações que garantam afetividade, e não necessariamente limitar-se a uma só pessoa. 

Por Rafael Soares

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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