‘Perda no plantão’: técnica de enfermagem explica como lida com luto

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Imagine ter que lidar com a morte no seu dia a dia, e na faculdade te ensinarem como deve agir no último suspiro da vida, mas aulas teóricas não são o bastante ao presenciar a prática.

Técnica de enfermagem Wesliana Barboza durante o plantão. (Foto: Danyelle Silva).

“Ela veio a óbito no meu plantão, durante a madrugada”, recorda a técnica de enfermagem, Wesliana Araujo Barboza, de 25 anos, quando passou pelo primeiro luto ao perder uma paciente vítima de um câncer.

Com a voz embargada e trêmula lembra da paciente.

“Ela era diferente dos pacientes que eu estava acostumada a cuidar, pacientes que dependiam totalmente de mim para ter um bem-estar”.

“Ela não era acamada, conseguia falar e andar, só precisava de mim para se alimentar, por causa da sonda. Ela não era dependente de mim”.

Ana, como gosta que a chamem, disse que um dia tudo mudou, a paciente adoeceu e precisou ser internada.

Após longos dias, retornou para casa e a paciente entrou em “estado paliativo ” por estar muito debilitada.

“Ela já não falava, não estava mais lúcida e estava acamada”.

Emocionada, Ana se sentiu abalada, triste e enfraquecida psicologicamente com a vida da paciente. Que em seguida veio a falecer.

“Eu fiquei bastante tempo parada, sem conseguir pegar outro plantão por que eu fiquei muito sentida com a morte dela”

Técnica de enfermagem Wesliana Barboza com o seu paciente Antônio Lucas. (Foto: Arquivo Pessoal).

“Aprendi a lidar de duas formas: não levar para o lado pessoal e não ser desumano”.

Quase em um sussurro, para o pequeno paciente de 7 anos, não acordar e fazendo um carinho suave na perna dele para se acalmar, e sentir que não está sozinho, Ana revela o motivo de tanta preocupação ao equilibrar a razão e a empatia nos momentos de luto“.

A família acaba sentindo esse lado, então não posso ser fria”. 

Mesmo com poucos anos de idade, Ana já descobriu o segredo para manter o sorriso simpático e tímido em meio a lembranças de dor.

“A família se sente mais segura quando há demonstração de compaixão pelo paciente”.

Antes de chegar na família atual, Ana passou por uma casa de uma menininha com uma Síndrome rara. “Sarinha” , como a chama carinhosamente, foi um bebê que com pouco anos de vida já teve que enfrentar grandes obstáculos.

Ana diz que “se apaixonou” pela Sarinha e pela convivência com os pais da paciente, e que foi o momento que ela reafirmou sua paixão pela área, mas infelizmente a menininha deu seu último suspiro.

“Com a morte dela, eu soube lidar melhor porque naquele momento eu tinha conhecimento do lado bom e ruim da área da saúde”.

Após tanta experiência, ela diz que agora tem a mente aberta para as partes boas, como a recuperação e evolução do paciente e também trabalhou o seu emocional e psicológico para se preparar para o lado ruim, que é a morte.

Por Danyelle Silva

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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