“Podem esperar que tem mais por vir da minha parte. Quem sabe não viro algum representante Brasil nesse mundo de pegadinhas”. Essa é a expectativa do torcedor que invadiu o campo no jogo ‘Brasil x Iraque’, no último dia 7, Matheus Augusto Cavalcante, de 20 anos, desempregado. “Sou bem competitivo com meus amigos. Pensei que seria divertido, renderia fotos legais e testaria minha coragem”, complementou.

Torcedor do São Paulo Futebol Clube, Matheus contou que a decisão de invadir o campo já havia sido tomada semanas antes do jogo, ao saber que o pai havia comprado os ingressos. “Não tive nenhum motivo específico. Nenhum protesto. Foi algo mais individual, quanto mais perigoso melhor”, explicou.
Matheus ratificou que, se ele conseguiu provar algo, foi que a segurança nas Olimpíadas 2016 não funcionam. “Eu nem deveria estar naquela arquibancada. Meus ingressos eram da superior, passei por duas portas fechadas, andei com o pessoal da limpeza e ninguém prestou atenção nisso”, contou.
Ideologia
“Se praticássemos esses atos de militância a favor das minorias sob uma ótica de liberdade individual e não coletivista, resolveríamos os problemas mais facilmente”, expôs o torcedor, que apontou sua filosofia política como libertária.
“Se nas discussões e reflexões éticas que fazemos usássemos de base a ideia de propriedade privada, resolveremos muito conflitos. Inclusive o meu de invadir o campo”, disse Matheus ao apontar que no Brasil não temos ainda muito claro a ideia de propriedade privada. “Aproveitei essa situação para tocar nesse assunto com juízes e policiais e o pessoal não entende muito bem o que é isso. Isso é errado”.
Matheus classificou essa falta de conhecimento dos brasileiros sobre o real significado de propriedade privada como preocupante, pois, segundo ele, saber o conceito é uma lei fundamental da relação humana. “Devemos entender o espaço dos outros e saber até onde podemos ir”.
As punições ao torcedor incluem seis meses sem poder entrar em algum evento esportivo em Brasília, comparecer duas horas antes de qualquer evento esportivo em Brasília na delegacia da polícia civil de Taguatinga [região administrativa] e 150 horas de trabalho comunitário. “Nesse período eu fico na delegacia sentado, uso o celular, converso com o pessoal e posso dar uma volta aqui”.
Por João Victor Bachilli