Violência doméstica tem relação com álcool

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Quarenta e cinco por cento dos casos de violência contra a mulher ocorreram depois de um dos parceiros ter ingerido bebida alcoólica. O dado foi apresentado pela professora Laura Frade, doutora em sociologia, e mostra que o machismo e o patriarcado histórico ainda interferem nas relações amorosas.

De acordo com a professora, para ser protegida, a mulher passa a ter vários “donos” durante a sua vida, como sua mãe, pai e por último, marido. Essa ideia  é preocupante porque pode aparentar a ideia de que a relação seja de subordinação. “No Brasil, uma mulher sem homem ainda é desvalorizada”, acrescenta. Para Laura,  é importante um pensamento feminista, porque a consistência teórica do movimento e o estudo aprofundado que as feministas trazem tem uma participação extremamente positiva, mas é necessário que não seja tão radical.

Em apenas 30 anos, 92 mil mulheres foram assassinadas no país. Para a professora, os números de violência específica contra a mulher são tão alarmantes que ainda se usa o termo “violência contra a mulher” quando o assunto é agressão doméstica. E isso demonstra atraso do Brasil em relação aos outros países do mundo. “O dia em que a gente deixar de falar de violência contra a mulher e passar a falar sobre violência domestica, estamos evoluindo porque estamos socializando a violência”, completa.

Nenhum fator isolado é motivo para a violência, mas sim um conjunto de diversos motivos. Ainda assim, o mais emergencial é que o estado revise as políticas públicas do álcool, pela sua presença em grande parte dos casos de agressão. “Os danos causados (pela violência) ainda não são mensuráveis”, diz a doutora.

Além do álcool, distúrbios também são comuns nos ofensores. “Ou o problema de saúde mental causa a violência doméstica, ou a violência causa o problema mental”, conta Laura. Em 100% dos casos de agressão física, ocorrem também violência psicológica.

Para Laura Frade, o estado tem que ter maior número de medidas protetivas. Apesar da violência mudar de acordo com o país, é necessário que se avalie as crenças que formam a base educacional de cada povo, para que se estude porquê a agressão é tão naturalizada. No Brasil 71% dos homicídios envolvem mulheres.  Os dados caíram em 2007 depois da implantação da lei Maria da Penha, mas voltaram a aumentar ao longo dos anos. Sendo que o Espírito Santo ocupa o 1º lugar no ranking de lugares com mais ocorrências no país, e o Distrito Federal em 8º.

 

Confira takes da palestra: 

 

 

Por Deborah Fortuna

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