“As autoridades não demonstravam segurança diante da pandemia”, diz jornalista

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A palestra virtual da sexta-feira (28), último dia da Semana de Comunicação do CEUB, contou com a presença de Maria Eduarda Cardim, repórter do Correio Braziliense, e Mateus Vargas, repórter da Folha de S. Paulo, ambos jornalistas responsáveis pela cobertura da pandemia no Brasil. Eles falaram sobre as dificuldades de fazer jornalismo em um período tão delicado e os aprendizados adquiridos com o passar do tempo.

O COMEÇO

Para eles, o início da pandemia era algo novo e incerto, sem dados e informações suficientes para saber qual era o grau de perigo que a população mundial estava vivendo. “No começo a gente tinha uma situação de certa segurança, até as autoridades transmitiam isso, mas a gente não conhecia a dimensão da pandemia na china pois não foi tão arrasadora como foi na Itália momentos depois. E logo em seguida essas mesmas autoridades passaram a não transmitir a menor segurança no combate ao coronavírus”, revelou Mateus. “Era tudo meio confuso, será que vai ser uma pandemia? A gente sempre achava que ia melhorar”, contou Maria Eduarda. 

As dúvidas eram constantes, por se tratar de um vírus novo e com alcance ainda inimaginável. Em uma das primeiras conversas de Mateus com algum representante do alto escalão do governo ele ficou preocupado. “Eu lembro que pra mim foi muito marcante no final de março em que entrevistei o então ministro da saúde, o Mandetta, e ele me disse que viveríamos cinco meses muito duros e isso repercutiu bastante, eu fiquei muito assustado”, afirmou.

 

DIFICULDADES DA PROFISSÃO

“É uma luta trabalhar”

 

As dificuldades de se fazer jornalismo de qualidade já estavam presentes desde o início do atual governo, que ao longo dos anos impôs restrições aos próprios jornalistas, isso se acentuou durante a pandemia e complicou ainda mais o trabalho dos repórteres. “Acho que foi um desafio saber lidar e filtrar os discursos oficiais, pois em certos momento o governo mesmo passou a restringir acesso ao número de mortos e mudar a forma de divulgar esses dados”, comentou Mateus. 

Já para Maria Eduarda o trabalho se tornou exaustivo, pois além de ter que fazer o trabalho de informar a população, ainda era necessário combater a desinformação. Ter que fazer matérias explicativas semanalmente, com especialistas apenas para elucidar alguns temas sobre a pandemia era desgastante. “É muito cansativo ter que trabalhar cobrindo uma pandemia, um assunto delicado e sério, e ainda ter que lidar com essas variantes de notícias falsas, ataques à imprensa, enfim, é bem complicado e cansativo”, desabafou.

OFF

Maria Eduarda acredita ser difícil estar completamente fora das notícias da pandemia, pois hoje existe um bombardeio muito grande de informações onde que esteja, até mesmo em redes sociais é complicado não se ver nada. “Ficar totalmente off do tema, como jornalista eu acho que é impossível, pois eu já tenho essa curiosidade sobre o que está acontecendo, de me informar para ficar preparada, mas nos períodos de folga eu tento me desligar das notícias em TV, evitar ler sites de notícias e buscar hobbies para dar uma espairecida”, explicou.

FUNÇÃO DO JORNALISTA NA PANDEMIA

O papel do jornalista nas coberturas da pandemia vai muito além de simplesmente passar informações acerca dos dados como infectados e quantidade de mortos, têm também um impacto político e que pode ser importante na hora de elucidar questões governamentais. “A CPI da Covid é um dos exemplos de como o jornalismo pode intervir no sistema político nacional. A gente vê parlamentares usando matérias jornalísticas e é aí que entra o nosso papel, pois além de informar a gente denuncia também”, revelou Maria Eduarda. Para Mateus, o trabalho do jornalista vai ter uma relevância histórica para o país. “Tudo o que foi produzido e elaborado pelo jornalismo vai ter um papel histórico e importante”, comentou.

Por Luiz Fernando Santos

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

 

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