“Grande Imprensa: Jornalismo, Fortuna e Poder no Brasil” é o título do livro escrito pelo professor Henrique Moreira, coordenador dos cursos de comunicação do CEUB. O trabalho foi publicado pela Editora Appris, de Curitiba. O livro trata do surgimento dos grandes grupos de mídia no Brasil e da histórias desses impérios. Para amparar a discussão, o professor retoma conceitos de notícia surgidos no final do século XIX, e como os empresários construíram verdadeiras fortunas.
O livro desvenda os momentos e as condições em que as mudanças promovidas pela economia, pela política e também pela tecnologia impactaram a ação da imprensa no Brasil. “Essas mudanças foram essenciais para que o Jornalismo brasileiro deixasse de ser um jornalismo centrado nas questões políticas e se tornasse um jornalismo comercial, competitivo, inspirado no jornalismo americano”, afirma
Confira abaixo a entrevista na íntegra
Agência UniCEUB – O senhor poderia falar um pouco sobre o livro, por favor?
Henrique Moreira – O livro tem como título “Grande Imprensa: Jornalismo, Fortuna e Poder no Brasil”. Foi publicado pela Editora Appris, de Curitiba, no final do ano passado. Por conta da pandemia, o livro foi lançado em evento on-line promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia (ALCAR).
Em termos gerais, o livro trata das mudanças na economia, na política e também na tecnologia, a partir do final do século XIX, que impactaram a ação da imprensa no Brasil.
Essas mudanças foram essenciais para que o Jornalismo brasileiro deixasse de ser um jornalismo centrado nas questões políticas (vivendo à sombra dos partidos e dos políticos) e se tornasse um jornalismo comercial, competitivo, inspirado no jornalismo americano.
A partir dessas condições surgem os primeiros conglomerados de mídia no Brasil, transformando seus proprietários em figuras importantes, influentes e poderosas.
Agência UniCEUB – Você tem outros estudos publicados?
Henrique Moreira – Eu tenho alguns capítulos publicados em livros dedicados à comunicação organizacional e também tenho a participação num livro de contos, publicado no final do ano passado, que tem como tema o isolamento e as crises existenciais causadas pela pandemia.

Agência UniCEUB – O que despertou sua atenção para falar sobre o surgimento dos grandes grupos de mídia do Brasil?
Henrique Moreira – Esse tema sempre me intrigou. Durante o meu doutorado eu me interessei pelos estudos que trabalham com o conceito de mudanças estruturais, de como essas mudanças provocam o surgimento de novos paradigmas e o avanço nos diversos campos.
Sempre tive interesse pela trajetória dos grandes empresários da mídia no Brasil, principalmente por querer entender como no Brasil, ainda na primeira metade do século XX, momento em que mais da metade da população era constituída por pessoas analfabetas, que viviam numa economia bastante primária, com renda baixa, surgiram dois grandes impérios midiáticos: os Diários Associados e o Grupo Globo. Vem daí o meu interesse pelo assunto.
Agência UniCEUB – Como sua experiência na área do jornalismo o influenciou na construção desse livro?
Henrique Moreira – Como jornalista, a minha atuação profissional esteve muito ligada à Comunicação Organizacional. Eu fui assessor de imprensa e chefe de assessoria de comunicação na área governamental por muito tempo. Tive uma rápida passagem pela redação de um jornal regional, onde mantive uma coluna que tratava de temas ligados à área de ciência e tecnologia. E depois, na maior parte do tempo dediquei-me ao ensino do Jornalismo.
Agência UniCEUB – Quanto tempo você demorou para desenvolver esse projeto? E quanto tempo demorou até ser publicado?
Henrique Moreira – Eu trabalhei nesse projeto (na pesquisa e na produção do livro) por cerca de 2 anos. Ele foi publicado 4 anos depois de concluída a pesquisa.
Agência UniCEUB – A quem se dirige o livro?
Henrique Moreira – Inicialmente, o livro é dirigido a todas as pessoas que se interessem pela história do jornalismo no Brasil e que queiram entender como a atividade se desenvolveu no país.
O livro também tem um caráter pedagógico e que pode vir a ajudar os alunos de jornalismo a conhecer e entender a história da imprensa no Brasil.
Agência UniCEUB – A partir de uma reflexão crítica da história do jornalismo, como podemos buscar ferramentas para o combate do autoritarismo contemporâneo?
Henrique Moreira – O autoritarismo é uma realidade no Brasil (e na maioria dos países latino-americanos) desde os tempos coloniais. Vivemos num país em que o interesse pessoal e os interesses de determinados grupos sempre se sobrepuseram aos interesses da sociedade. E o jornalismo (o bom jornalismo), feito com independência e responsabilidade é, sem dúvida, a melhor arma para combater e reduzir o autoritarismo.
Ao longo da história, a imprensa no Brasil manteve uma relação errática com o poder, ora servindo-o, ora servindo-se dele. Por isso, é importante que as novas gerações de jornalistas tenham conhecimento dessa realidade para que possam desempenhar suas atividades com consciência e zelo pela verdade e pelo bem comum.
Agência UniCEUB – Como foi a experiência de lançar um livro durante uma pandemia? Houve alguma mudança de planos? Vocês tiveram que fazer adaptações? Se sim, quais?
Henrique Moreira – Como já disse anteriormente, a pandemia nos obrigou a fazer o lançamento virtual do livro, ao invés de fazermos um lançamento mais festivo, com a presença dos amigos. Mas vamos aguardar tudo isso passar para que possamos nos aglomerar novamente numa noite de autógrafos. Vocês já estão convidados.
Serviço
O livro “Grande Imprensa: Jornalismo, Fortuna e Poder no Brasil” está disponível em edição impressa e online no site da Editora Appris (https://www.editoraappris.com.br/produto/4460-grande-imprensa-jornalismo-fortuna-e-poder-no-brasil) e nos sites da Amazon (https://www.amazon.com.br/, Submarino (https://www.submarino.com.br/) e Americanas (https://www.americanas.com.br/).
O livro também pode ser adquirido enviando mensagem para o email henrique.moreira@gmail.com.
Por Gabriella Tomaz e Nathália Guimarães
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira