Somos perseguidos, diz comunicadora do Ninja

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Eles vivem em alerta. O equipamento tem que estar pronto a qualquer hora (literalmente). Pelo menos 20 comunicadores vivem em uma mesma casa em Brasília (são 100 pessoas em todo o país e 2 mil colaboradores) com um modo de  vida alternativa em que tudo é dividido diante das necessidades (inclusive dinheiro). A tarefa não é das mais fáceis. O Mídia Ninja, veículo de comunicação alternativa, reclama principalmente de perseguição.  A prisão de 10 comunicadores, desde 2013, para Dríade Aguar, militante do movimento, representa a criminalização de iniciativas que comunicam “outro ponto de vista”. “Precisamos ultrapassar a criminalização dos movimentos sociais feitas pela mídia dominante. A mídia tradicional nos tirando espaço, voz e nos contrapondo e criminalizando. A nossa maior missão é ser o oposto a eles nesse sentido. Queremos fazer o contrário. Mostrar as pessoas e suas diversidades culturais. Por isso, somos perseguidos pela polícia”, denuncia.

 

A crítica dos movimentos que compõem a iniciativa Mídia Livre no Brasil diz respeito ao monopólio das concessões que permitem os conglomerados das comunicações, o que leva, segundo Dríade, a uma comunicação “elitizada e sem representatividade popular”. “É preciso que as pessoas se vejam na mídia. Pra mim, mulher negra, é muito importante me ver representada nestes espaços. Enquanto alternativas de comunicação, representamos as diversidades do Brasil, seja ela cultural, religiosa, ética, racial. Queremos dar voz e espaço a essas realidades”, ressalta. “Quando assisto à Globo eu, negra, sou a empregada. Os papeis que estão relacionados e pré-datados pra mim não me representam. O NINJA, assim como outras mídias independentes, tem o compromisso de representar a diversidade brasileira”.

pm2A missão do movimento de “midialivrismo”, agrupada na palavra NINJA, é definida como “Narrativa Independente por Jornalistas em Ação”. “Ser mídia alternativa é fazer parte de um grande ecossistema e apresentar visões a partir de outros lados, com novas estéticas, outras formas de produção e diversidade de linguagens” ressalta Dríade.

Mídia e Democracia

Nos últimos meses, o debate política deixou de ocorrer somente no Congresso Nacional e fez das redes sociais bancadas de reinvindicações. Os comentários, compartilhamentos e curtidas passaram a representar a condição democrata do país. Neste cenário, a mídia alternativa destacou-se pela democratização da informação, avalia Dríade Aguiar. “Meios de comunicação e democracia são intrínsecos. O direito à comunicação, a ser ouvido e representado faz da mídia algo inteiramente ligado à democracia. É ela quem dá voz, dissemina e compartilha informações. A mídia alternativa permite, principalmente nesses tempos, outras narrativas que não sejam as hegemônicas”, afirma a militante.

Economia colaborativa

Experiência compartilhada, com 24 horas de jornalismo. A vida dos comunicadores que integram o Mídia NINJA caracteriza-se pela experiência de comunidade. Além do serviço para comunicar, como parte final da formação, o movimento conta com casas colaborativas existentes em cinco capitais do país (Brasília, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre).

Sustentabilidade

O orçamento para sustentar o jornalismo e o midiativismo também caracteriza-se como colaborativo. “A renda financeira do NINJA é composta a partir do que cada um ganha. Todas as rendas vão para um caixa comum que será utilizado de forma coletiva. Além do caixa comum, o Mídia Ninja é sustentado por projetos que recebem investimentos de fundos internacionais que defendem a democratização da mídia”, explica Dríade.


Por Guilherme Cavalli

Fotos: Mídia Ninja

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