A sociedade europeia abalada durante o entreguerras já foi diversas vezes revivida na história do cinema.
Os escombros sociais destes indivíduos nesse período, inclusive, são regressados de forma avassaladora em “A Garota da Agulha”, longa dinamarquês indicado ao Oscar de melhor filme internacional, que traz uma história inspirada em fatos reais.
Na Copenhague do pós primeira guerra mundial e ante uma iminente nova guerra, Karoline, interpretada por Vic Carmen Sonne, é uma jovem que, após perder o emprego e enfrentar uma gravidez indesejada, recebe ajuda de Dagmar (Trine Dyrholm), uma mulher enigmática que opera uma agência clandestina de adoções de bebês rejeitados.
Confira o trailer
A beleza das imagens e a maneira como o diretor Magnus von Horn filma as cenas do longa, não refletem a escolha temática que o filme aborda, pelo contrário, o que se vê em tela, além de instigador, é angustiante à medida do decorrer das cenas.
O jugo do diretor utiliza a fotografia para remeter o terror da Hollywood clássica e o Expressionismo alemão de maneira a deixar isso claro na referência da figura deformada do soldado que ressurge após a guerra.
Uma complexidade ambígua acerca da protagonista é tratada na trama, o que faz-se diligente a dificuldade da aproximação com o telespectador. Esse deslocamento termina a partir da entrada de Dagmar no enredo, que expõe drasticamente a fraqueza da personagem.
Filme em preto e branco
É utilizado no filme um acertado preto e branco que, justificado pela iluminação sombria, paira os cenários para criar uma atmosfera de crise, amaldiçoada por fantasmas da guerra.
O esteticismo, presente em alguns momentos do filme dinamarquês, reflete uma parte negativa por explorar exageradamente a dor e a miséria de uma maneira quase inócua, apenas pelo choque.
Com interpretações marcantes, “A Garota da Agulha” se constrói sobre a expressividade corporal de seus atores, o que transmite horror visual e psicológico.
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As mudanças de rumo do enredo vide as consequências das ações de Karoline traz apelos narrativos e temáticos que prendem o público pelo interesse do que está por vir.
O longa passa inicialmente por um romance e depois se ergue em drama e horror sem que quem está vendo perceba. O clímax se instaura no auge dos dois últimos gêneros para explorar o trauma psicológico e gerar aflição.
A partir do momento que a história para de ser contada em decorrência das escolhas da personagem principal, o filme se perde em um final desinteressante.
Ficha técnica
Título original: Pigen med nålen
Direção: Magnus von Horn
Roteiro: Magnus von Horn e Line Langebek knudsen
Elenco: Vic Carmen Sonne, Trine Dyrholm e Besir Zeciri
Gênero: Drama / Horror / História
Duração: 02h03
Classificação Indicativa: 18 anos
Por Diller Abreu
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira