O filme Mães Paralelas, indicado ao Oscar de Melhor Trilha Sonora e Melhor Atriz, pela atuação de Penélope Cruz, está no catálogo da Netflix e marca a sétima parceria entre o diretor Pedro Almodóvar e a indicada. A obra cinematográfica não foge do estilo almodovariano, uma vez que o diretor é conhecido por fazer obras majoritariamente com universos femininos.
Assista ao trailer oficial:
O drama é protagonizado pela fotógrafa Janis (Penélope Cruz) que, ao ter um caso com o arqueólogo Arturo (Israel Elejalde), engravida. Ao saber da gravidez, Arturo sugere que ela não tenha o filho, uma vez que ele é um homem casado. No entanto, Janis desenvolve apreço pela gravidez, descartando a possibilidade de aborto e sugerindo acabar com o relacionamento entre ela e o antropólogo, com intuito de cuidar de seu futuro bebê sozinha.
No quarto da maternidade, com seu filho prestes a nascer, ela conhece a jovem Ana (Milena Smit), com quem compartilha o quarto no hospital. As duas realizam seus partos no mesmo dia, Janis nomeia sua filha Cecília, homenageando a sua avó, e a filha de Ana recebe o nome de Anita.
Apesar de algumas semelhanças, como o desamparo do pai das crianças e a falta de planejamento da gravidez, as duas mães, Janis e Ana, representam dois polos diferentes. Sendo esta uma garota jovem e imatura, desamparada pelos pais e angustiada com o fato de ser mãe e aquela uma mulher perto dos quarenta anos, com independência emocional e empolgada com sua gravidez. A maternidade une as duas mães, que acabam desenvolvendo um grande vínculo e se tornam companheiras nesta jornada.
A relação entre as duas mães é o fio condutor do longa (Imagem: Divulgação/El Deseo)
Maternidade
A amizade entre Ana e Janis é fortalecida pela solidariedade feminina, uma vez que elas se encontram em situações parecidas. Nesse sentido, a maternidade e a força feminina são ressaltadas no filme, ora com aspectos positivos, ora com aspectos desafiadores.
A decisão de Janis criar sua filha solteira, parte da independência que suas ancestrais carregam, uma vez que sua mãe, avó e bisavó criaram seus filhos sem pais. Apesar de ser uma mulher independente e bem resolvida, ela cria um afeto por ser mãe e acaba se tornando dependente emocionalmente de sua filha Cecília.
Já o medo e o trauma que Ana carrega da maternidade é gerado por alguns motivos como a relação conturbada que a jovem tem com a sua mãe Teresa (Aitana Sánchez-Gijón), a forma como o filho foi gerado e a reação de seu pai com a gravidez. No entanto, mesmo com todas essas adversidades, o apoio de Janis acaba mostrando a Ana os aspectos positivos de gerar um filho, fazendo ela criar amor por sua gravidez e se dedicar integralmente à sua filha Anita.
(Imagem: Divulgação/El Deseo)
Guerra Civil
Além da maternidade, Almodóvar faz um resgate ao passado, abordando as milhares de mortes causadas pela Guerra Civil Espanhola (1936-1939), e, consequentemente, as famílias que perderam seus parentes. Sob esse viés, o filme retrata a busca de Janis pelos restos mortais de seu avô, que “desapareceu” durante a guerra. E é desse modo que ela se aproxima de Arturo, uma vez que o arqueólogo ajuda a fotógrafa a investigar o desaparecimento de seu bisavô; encontrando posteriormente uma fossa utilizada para enterrar corpos durante a guerra. Desse modo, o filme realiza um retrato de como a história de um país é relevante para a identidade e reconhecimento individual.
Personagens
Em síntese, Mães Paralelas aborda dois aspectos distintos, que se unem na trajetória dos personagens. O início do filme não contém nada que surpreenda, mas faz criar boas expectativas. O desenvolvimento do filme tem algumas reviravoltas que o telespectador não esperava, o que acaba tirando o drama do clichê e prendendo o telespectador na trama. Já o desfecho da obra não desagrada o público e supre as expectativas criadas no início do drama.
Ficha técnica
Elenco: Penélope Cruz, Milena Smith, Israel Elejalde e Aitana Sánchez-Gijón
Roteiro e Direção: Pedro Almodóvar
Origem: Espanha e França
Produção: El Deseo
Distribuição: O2 filmes
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 123 minutos
Por Luana Nogueira
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira