Com a mesma temática de suspense e luta pela sobrevivência, no estilo do filme “A Queda”, “Sem Ar” chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (14.09).
Dirigido pelo alemão Maximilian Erlenwein, mesmo diretor do filme STEREO. Com 91 minutos de duração, a obra conta com as participações das atrizes Sophie Lowe (Drew) e Louisa Krause (May).
O trailer já apresenta a condução da obra, uma tensão claustrofóbica.
Confira o trailer
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“Eu pertenço a esse lugar”
Nos primeiros minutos do filme, eles apresentam a relação entre as duas irmãs, revelando a dualidade de suas personalidades. Por um lado, Drew é uma jovem animada, alegre e preocupada, enquanto May é séria, centrada e calculista.
Decididas a viajarem ao menos uma vez ao ano para dividirem experiências e passarem um tempo juntas, Drew foi quem escolheu fazer mergulho neste ano. Equipadas com materiais de primeira linha de mergulho, definem um local mais isolado.
Um terremoto ocorreu enquanto estavam submersas a mais de 10 metros, pegando a todos de surpresa. Drew se apoiou nas paredes mais próximas já May, ficou debaixo de rochas, com sua perna presa a mais de 30 metros.
Colocando em cheque a vida e a relação das irmãs Drew e May, lutaram contra todas as adversidades e obstáculos que surgiam um a um.
Suspense agonizante
Embora a maior parte do filme se passe debaixo d’água, ele apresenta boa iluminação e definição. Consegue-se distinguir o decorrer dos fatos e as sensações transmitidas pelas ações das personagens. Na superfície, as cores são vivas e superexpostas.
O direcionamento da câmera acompanha a personagem, gerando movimento. Sobretudo quando nadam, ao seguir a trajetória das irmãs, torna-se fluido e o espectador pode acompanhar as sensações.
A cada obstáculo apresentado às personagens, a direção utiliza efeitos sonoros de suspense, como em um ataque de algo, no entanto, suaviza-se quando é contornada a situação. Já em momentos como a baixa oxigenação e início dos delírios, os efeitos se suavizam e tornam-se nostálgicos.
Já quanto o relacionamento de Drew e May, sua dualidade de personalidades, pode-se observar em diversas cenas quando uma estava submersa e outra na superfície. As imagens foram claramente colocadas em sequência para demonstrar a relação entre as irmãs.
Bebendo da fonte
O diretor Maximilian Erlenwein, roteirista alemão, inspira-se diretamente na fonte do expressionismo alemão.
Alguns elementos ao decorrer das cenas pode-se perceber tal influência, como por exemplo, momentos em que May começa a delirar e memórias de sua infância começam a voltar como um sonho ou mesmo quando a trilha do filme começa a tocar em sua cabeça.
O expressionismo alemão no cinema foi um movimento cinematográfico notável que floresceu nas décadas de 1910 e 1920. Foi uma extensão natural do expressionismo nas artes visuais e na literatura, mas com características únicas que o distinguem como um gênero cinematográfico.
Um aspecto fundamental do expressionismo alemão no cinema foi ênfase na atmosfera e na psicologia dos personagens. Os cineastas desse movimento eram mestres em criar cenários altamente estilizados, frequentemente caracterizados pelas sombras e uso criativo da luz e sombra.
Esses elementos eram usados não apenas para criar uma estética única, mas também para expressar as emoções e as angústias dos personagens de forma visceral contribuindo para estética do gênero suspense.
📽 Retratação de angústia, medo e solidão
Como o expressionismo alemão retrata a essência dos sentimentos humanos, principalmente aqueles em agonia, o diretor retrata bem ao inserir esses elementos em cenas críticas como a desoxigenação ou mesmo crises de resolução.
Mostrando de forma angustiante a falta de tempo, as expressões das irmãs e a relação até então, quebrada.
📽 Valorização da subjetividade (interior e isolamento)
May e Drew são personagens opostas e unidas apenas pelo laço sanguíneo, enquanto a primeira tem uma visão dura do mundo que é apresentada pelas memórias de sua infância. A segunda já enxerga de forma diferente e muitas vezes mencionada por sua irmã como a “princesinha”.
O diretor escolhe expressar tal característica do expressionismo alemão ao gerar o atrito entre as irmãs e logo em seguida mostrar cada lado, retratando a visão distorcida que uma tem da outra.
📽 Aspecto de sonho
Maximilian escolhe suavizar, de certa forma, os delírios que May passa a ter pela desoxigenação ao inserir a trilha sonora e memórias de sua infância. Mas ao mesmo tempo, ela começa a ver sua irmã dançando na água, girando e flutuando.
Essencialmente, a obra causa um sentimento de desespero por cenas como essa, a calmaria em meio à agonia. Tranquilidade enquanto o tempo corre e a chance de morte aumenta cada vez mais.
Avaliação crítica
O filme “Sem Ar”, em inglês “The Dive”, teve uma recepção não tão satisfatória quanto o filme “A Queda”, em inglês “Fall”.
(Acesse pelo link)
Legenda:
- Tomatometer (Tomatômetro): A porcentagem de críticos aprovados do Tomatometer que deram uma crítica positiva a este filme.
- Audience Score (Nível de Audiência): A porcentagem de usuários que avaliaram isso com 3,5 estrelas ou mais.
Por Ana Beatriz Cabral Cavalcante*
* A repórter assistiu à pré-estreia do filme a convite da Espaço/Z
Fotos e trailer: Divulgação
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira
