O diretor Quentin Tarantino (vencedor do Oscar de melhor roteiro em Pulp Fiction e Django Livre, entre outros prêmios) anunciou, neste mês de março, seu décimo e último filme. Com nome provisório de “The Movie Critic”, o longa deve acompanhar a história da arte do cinema nos anos 70, e as grandes polêmicas da indústria, vividas naquela época.
Para o professor Mauro Baptista, autor do livro “O cinema de Quentin Tarantino”, o diretor deixará legado e seguidores de forma inquestionável. “Não dá pra pensar em Paul Thomas Anderson (de Licorice Pizza, por exemplo) sem pensar em Tarantino”, ressaltou Baptista.
Além de dois Oscar, ganhou também a Palma de Ouro em Cannes e foi indicado oito vezes pela academia. Os filmes dele influenciaram toda uma geração de cineastas, deixando suas marcas em diversos diretores atuais.
Além do cinema americano, o pesquisador avalia que a influência está presente no próprio cinema brasileiro. Um exemplo disso é o filme “Cidade de Deus” (Fernando Meirelles e Kátia Lund).

Pop e erudito
Os filmes de Quentin Tarantino são produções marcadas pela forma única de pensar do diretor. “Tarantino é um cineasta do mundo. Ele tem uma cultura europeia e dedicação a filmes de colecionador. É um grande erudito.”
“Tarantino soube administrar o pop sem perder sua essência”
Mauro Baptista, pesquisador da obra de Tarantino
Assim como outros diretores, segundo o pesquisador, ele teve alguns filmes que não deram certo. Para Baptista, Quentin buscou sempre ao longo de sua carreira, valorizar o filme em uma qualidade superior, mas sem desprezar a versão em 35mm, ganhando destaque por essa escolha.
Carreira
Nascido em Knoxville, Tennessee, Quentin Tarantino trabalhou durante cinco anos de sua adolescência, como balconista em uma locadora de filmes de Manhattan.
Segundo o diretor, grande parte de sua criatividade vem por conta de todo acesso que tinha a diversos filmes em seu ambiente de trabalho, chegando muitas vezes, até a indicar várias obras cinematográficas para aqueles que iam até a locadora.
O longa “Era uma vez em Hollywood” poderia ter sido seu último filme, pois ele fez o que quis com o roteiro, introduzindo sempre o seu jeito peculiar de ver as coisas e inovou no final. “Mudar um fato real foi um jogo de mestre”.
Segundo Marcos Baptista, há muito o que se esperar do próximo filme, ele é um cineasta muito consciente, e entende que chegou ao fim. Aquele cinema de antigamente (o que sempre foi entendido como cinema) está morrendo, sofrendo uma transformação brutal onde grande parte dessa forma cinematográfica está indo para streaming.
“Intertextualidade”
“Tarantino vai continuar (no cinema). Ele se retira apenas da área cinematográfica, mas acredito que continuará como autor e roteirista”, estima o pesquisador.
Segundo Mauro Baptista, temos muito a esperar do 10º filme. “Sem dúvidas, será um filme sobre intertextualidade, a real história do cinema e como ele, Quentin, se posiciona em relação a tudo isso.
Ele explica que a violência e o sangue nos filmes de Tarantino já foram deixados de lado. Por isso, ainda usa, às vezes, um tom autoral e bem pontual (como no final de “Era uma vez em Hollywood”).
Foi divulgado que o diretor já tem o roteiro e deverá começar a filmar no fim deste ano. O projeto, sem revelar grandes detalhes, contará com uma protagonista feminina nos anos 1970. Atores, atrizes, datas e outras informações ainda não foram divulgadas, no entanto, esse suspense é exatamente o que torna tudo isso ainda mais interessante, esse aguardo pelo que vêm por aí com certeza será muito difícil para todos os fãs do Quentin Tarantino, que já estão ansiosos para assistir ao filme.
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Por Caio Aquino, Luiza Freire e Maria Clara Batista
Fotos e trailer: Divulgação
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira