“Ainda Estou Aqui”, indicado pelo Brasil ao Oscar, detalha luta de Eunice Paiva, vivida por Fernanda Torres

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O filme brasileiro “Ainda Estou Aqui” chega nesta quinta-feira (7/11) aos cinemas e promete emocionar o público.

Dirigido pelo renomado cineasta Walter Salles (Central do Brasil), o longa vem conquistando prestígio nos principais festivais de cinema estrangeiros e ganhou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza. A Academia Brasileira de Cinema já anunciou o filme como representante do Brasil na corrida pelo Oscar 2025 na categoria Melhor Filme Internacional. 

Assista ao trailer de “Ainda estou aqui”

Baseado no livro “Ainda Estou Aqui” (2015), de Marcelo Rubens Paiva, o longa conta a história de Eunice Paiva (Fernanda Torres), mãe de cinco filhos, que faz parte da elite brasileira no ano de 1970, e tem a vida da sua família totalmente transformada quando o seu marido, Rubens Paiva (Selton Melo), desaparece.

Humano

A construção da família Paiva é muito bem desenvolvida. Em pouco tempo de filme já é possível se afeiçoar a Rubens, Eunice e seus cinco filhos, de forma que entendemos a dinâmica entre eles e percebemos como são uma família feliz e unida.

Graças a forma verossímil como a família é retratada, o desaparecimento de Rubens e as consequências dele nos impactam como se fosse alguém próximo que tivesse sumido e estamos acompanhado o drama dessas pessoas amigas.

Atuação premiada e sutilezas

Muito dessa entrega está nas mãos de Fernanda Torres, que entrega uma atuação rica e sutil de uma mulher que está destruída emocionalmente, mas mantém-se serena e presente para seus filhos enquanto busca achar o seu marido. Vale destacar também Selton Melo, que entrega um carisma fora de série, na qual podemos ver como Rubens era um exemplo de pai,marido e amigo. 

Sutileza é uma palavra que representa bem o filme. O filme é repleto de momentos de introspecção e contemplação, principalmente por Eunice, em que nada é dito, mas é a hora em que o público pode refletir junto das personagens e digerir a história.  

Não é incomum as pessoas esperarem de uma história ambientada na ditadura militar cenas de violência gráfica ou tortura explicita. No entanto, o filme não se propõe a trazer o peso da história desta maneira. A violência e a tortura estão presentes no filme, mas são trazidas de forma sutil e de forma alguma tiram o peso das cenas por isso

De volta aos anos 70

O filme possui um design de produção de alto nível, de forma que traz um Rio de Janeiro dos anos 70 muito real. Os figurinos, os carros, as câmeras, tudo foi pensado com muito esmero para transportar o público direto para aquela época. Além disso, o fato do filme ter sido filmado em película, com uma leve granulação, junto da paleta de cor mais quente, traz um aspecto de filmagem mais antiga, como se estivéssemos assistindo a um documentário. Isso se reforça nos momentos em que Walter Salles se utiliza de cenas com câmera solta na mão, como os que assistimos sob a perspectiva da câmera da personagem Vera Paiva ou quando o próprio diretor grava dessa maneira.

Desaparecido

O longa também assume papel de denúncia ao evidenciar a falta de punição aos envolvidos no sumiço de centenas de brasileiros durante o regime militar. Ele também homenageia os desaparecidos, famílias e amigos dessas pessoas que nunca foram encontradas.

O filme fala como o desaparecimento é uma ferida aberta, uma dor que não acaba, porque não tem conclusão.

Democracia

Ao longo do filme escutamos sempre o pairar distante de helicópteros sobrevoando a cidade do Rio de Janeiro. De início, aos nossos olhos e da família, o som era como um barulho qualquer, como as buzinas do trânsito. Mas a partir de certo ponto, o som fica cada vez mais alto, como um aviso de opressão. A obra nos coloca a refletir que, por mais discretos que sejam, e por mais baixos que estejam, o som de discursos que ameaçam a democracia não devem ser emitidos.

Ficha Técnica

Título Original: Ainda Estou Aqui

Direção: Walter Salles

Roteiro:  Murilo Hauser e Heitor Lorega

Elenco: Fernanda Torres,Fernanda Montenegro e Selton Mello

Gênero: Drama, Suspense

Duração: 2h17

Classificação Indicativa: 14 anos

Por Arthur Lima (o repórter assistiu à pré-estreia a convite da Espaço/Z)

Fotos e trailer: Divulgação

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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