Artistas criticam exclusão da periferia no cenário cultural e educacional do DF

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O rapper GOG e o dançarino Willocking participaram do debate “A literatura oral da periferia” na Bienal do Livro

“Vejam só vocês, no meu Brasil em ano de eleição, o que se vê pela frente são palanques, panfletos e carros de som. Promessas em alto e bom tom que as coisas vão melhorar …” A letra da música “Assassinos sociais” é o do rapper brasiliense Genival Oliveira Gonçalves, 53 anos, mais conhecido como GOG.

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Ele e o dançarino Will Robson da Silva, 38 anos, ou  Willocking, criticaram, nesta semana na Bienal do Livro em Brasília, a exclusão do saber da periferia. Eles enfatizaram a necessidade de diminuir os abismos educacionais e culturais no Distrito Federal. Os convidados lamentaram a falta de acesso à educação dentro das comunidades carentes e destacaram que essa ausência interfere na população. “O conhecimento chega por último na periferia”, afirmou GOG.

Os artistas entendem que é necessário buscar cada chance de “passar a ideia” da cultura da periferia. GOG brinca, inclusive, com o tamanho das letras que giram em torno de 10 a 12 minutos.  “A música era longa, pois não sabíamos se haveria outra oportunidade”

Além disso, os artistas entendem que são criados estigmas em relação a áreas fora do Plano Piloto a partir inclusive de produções da mídia. “Só chegam notícias ruins sobre periferia”, afirmou Willocking. GOG, de outra forma, crê que existe na capital do país um distanciamento entre os saberes a partir das regiões em que as pessoas residem. “Quando a literatura hierarquiza, ela também oprime”

Nascido em Sobradinho, GOG é uma das referências do Hip Hop nacional

Um dos pontos destacados pelo cantor GOG faz referência ao contraste existente entre a forma de ensino empregado no Plano Piloto e na “Grande Brasília”, termo usado por ele para se referir às regiões administrativas, como Sobradinho, Ceilândia e Planaltina. O rapper afirma que o conhecimento é propagado de maneira desigual, no qual o eixo central da capital federal tem prioridade na obtenção deste recurso cultural. “O acesso (à educação) vira privilégio. Mas será que vai chegar chegar para a gente?”, questionou.

O artista ressalta a importância que o rap tem na discussão sobre os costumes seculares acerca dos privilégios presentes na sociedade. GOG recorda o contraste no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre o bairro do Lago Sul ( o mais rico do DF) e a comunidade Santa Luzia, na Estrutural (uma das áreas mais desassistidas).

Por Vinícius Heck, João Paulo de Brito

Imagens: Vitor Mendonça e Aline Lopes

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