Vitor Hugo, de 12 anos, Luís Gustavo, de 10, e Catarina Farago, de 11, são crianças com sorriso no rosto. Elas carregam um talento capaz de brilhar no maior festival de dança do planeta.
Mas foi exatamente isso que aconteceu em julho, quando eles representaram Planaltina-DF no Festival de Dança de Joinville, em Santa Catarina — considerado o maior do mundo — e trouxeram para casa sete premiações históricas.

A escola que revelou talentos
A trajetória começou com Shirley Santos, que criou um estúdio de dança há 17 anos. Ela dá aulas há mais de quatro décadas na região. Segundo ela, a escola se tornou referência em Planaltina e no Entorno.
“Conforme a escola cresceu, implantamos a equipe de competição há oito anos. Desde então, temos participado de campeonatos no Brasil inteiro e, durante a pandemia, até em competições internacionais online”.
Em 2025, a escola inscreveu 34 coreografias no Festival de Joinville. Destas, 33 foram selecionadas, e nove competiram oficialmente.
O feito foi ainda mais impressionante diante das dificuldades financeiras: sem apoio governamental ou patrocínio privado, a equipe contou com a mobilização da comunidade para custear a viagem.
Pais, amigos e vizinhos se uniram em rifas, vendas de doces, apresentações no Eixão do Lazer e até na Torre de TV de Brasília. “Foi muito difícil, mas todo o esforço valeu a pena. A comunidade abraçou nosso sonho”, diz Shirley.
Os premiados de Planaltina
Um dos destaques do grupo foi Victor Hugo Garcia, de apenas 12 anos. Ele conquistou o 2º lugar no “Palcão”, o palco mais importante do festival, com a variação clássica Harlequinade, competindo com adolescentes de até 15 anos.
Além disso, levou o 1º lugar no palco da Sapatilha com o solo neoclássico “Controlador do Tempo” e o 2º lugar com a variação clássica do Bobo da Corte.

“É uma sensação muito legal, porque você vai pro maior festival do mundo e volta premiado. Eu amei muito estar lá”, comemora Victor.
Ela sonha em participar do Prix de Lausanne, na Suíça, um dos mais prestigiados concursos internacionais de balé.
Outro prodígio é Luis Gustavo, de 10 anos, que competiu no palco Meia Ponta — voltado apenas para crianças — e brilhou com três coreografias. Foi 1º lugar no neoclássico “Não há cordões em mim”, em que interpreta o personagem Pinóquio, e conquistou dois 2º lugares: um também com a variação clássica Bobo da Corte e outro com o contemporâneo “A vida na selva”.

“Estou muito feliz e agradecido aos meus professores e à minha mãe, que me apoiou o tempo todo. Meu sonho é dançar em grandes palcos e, um dia, entrar para uma companhia fora do país”, diz Luis.

A jovem Catarina Farago também deixou sua marca no Meia Ponta, ficando em 3º lugar com a coreografia contemporânea “Na espera do trem”. “Foi uma sensação indescritível. Quero continuar treinando e chegar ainda mais longe, em Joinville e em competições como o YAGP”, afirma.

Bastidores
Os professores Marya Klara Alves (balé) e Jhonnatan Ian (jazz, contemporâneo e acrobático) foram fundamentais na preparação das crianças.
“Eles começaram sem saber nada, e em pouco tempo conseguimos formar solos premiados. Isso só foi possível porque são muito esforçados, dedicados e sempre querem melhorar”, explica Marya.
Jhonnatan reforça o papel da disciplina para a atividade. “Como são crianças, muitas vezes querem brincar, mas entendem que precisam preservar o corpo e manter o foco. Isso fez toda a diferença para estarem prontos para um festival desse nível.”
Além dos solos infantis, adolescentes, adultos e até o grupo 40+ do estúdio também se apresentaram em Joinville, incluindo a coreografia indiana Sob o olhar de Naga, no palco da Sapatilha.
Bailarinos na Planaltina
Ao final, o Stúdio Shirley Santos retornou com sete troféus de Joinville e a sensação de que Planaltina escreveu um capítulo importante na história da dança do Distrito Federal.
“Esses meninos mostraram não só talento e técnica, mas também garra e graciosidade. Tudo isso só é possível porque eles são bolsistas, têm o apoio da comunidade e contam com professores que acreditam neles”, emociona-se Shirley.
De Planaltina para o mundo, os jovens bailarinos agora sonham mais alto: YAGP, Prix de Lausanne e, quem sabe, as maiores companhias internacionais de dança.
Acesse o perfil do Instagram dos professores e bailarinos: Studio Shirley Santos, Victor Hugo, Luis Gustavo, Catarina Farago, Marya Klara e Jhonattan Ian
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Por Isabele Azenha
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira