Em todo Distrito Federal, há movimentos culturais que promovem arte, educação e desenvolvimento. Mas, algumas cidades sofrem com a falta de visibilidade devido ao protagonismo de espaços culturais no Plano Piloto e em áreas elitizadas. Para tentar mudar essa realidade, coletivos poéticos, artísticos e sociais promovem opções para quem vive na periferia.
A necessidade de se expressar e de se fazer visível é uma forma de representar a sociedade. Por essa razão, esses movimentos culturais estão presentes para ocupar a capital de uma forma cada vez mais engajada. É a partir disso que grande parte dessas associações de pessoas com interesses artísticos semelhantes se baseiam na hora de disseminar a arte como mobilização urbana.
Em 2016, a Secretaria de Cultura do Distrito Federal (Secult) lançou a plataforma Mapa nas Nuvens, uma iniciativa ligada ao Sistema de Informações e Indicadores Nacionais de Cultura que tem como objetivo mapear as áreas culturais pelo DF. Porém, como a ferramenta ainda é recente, não é possível ter uma organização completa e consistente sobre a cultura do DF. Por essa razão, segundo o órgão, é difícil mensurar os índices do movimento.
Ainda de acordo com a secretaria, o artista ou o produtor da mobilização, pode recorrer ao Fundo de Apoio à Cultura (FAC), à Lei de Incentivo à Cultura (LIC), e ainda participar de editais de chamamento público para realização de eventos.
Integrante do Coletivo Poético Assum Preto, no Setor Comercial Sul, Júlia Moura, 18 anos, observa que a arte é instrumento de resistência. O coletivo atua há pouco mais de um ano e funciona, atualmente, na Casa da Cultura da América Latina (CAL).

No início do projeto, o coletivo funcionava no Mercado Sul, em Taguatinga, com a venda de camisetas, livros e bottons relacionados à cultura latino-americana na Eco Feira, feira de arte independente que acontece uma vez ao mês no local. “A sociedade brasileira está passando por um momento crítico e o povo precisa de esperança. A arte poética não precisa dar esperança, mas precisa incomodar, te fazer sair do lugar para que algo aconteça”, explica a estudante de história.
O coletivo conta, ainda, com vários eventos que visam disseminar a arte e a poesia sob uma forma de intervenção urbana, desde oficinas de arte, debates sobre obras cinematográficas nacionais até festas com temáticas latino-americanas e recitação de poesias à luz de velas.
Mobilizações culturais
Segundo a especialista em cultura e mestranda em mobilização social, Tânia Montoro, as intervenções culturais são o que a arte tem de mais puro. Para ela, significa uma forma de se produzir sem as amarras do mercado. “A educação e a cultura são a única salvação para este país. A sociedade não vai evoluir sem o estudo, uma coisa leva a outra”, reforça.
Recentemente, com a proposta de democratização e disseminação do estudo da arte no ambiente periférico, surgiu a Pilastra. A ideia da criação do espaço ergueu-se da necessidade de centros culturais fora do Plano Piloto. “Queremos mostrar que a arte é para todos”, afirma o fotógrafo, estudante de história da arte e fundador do espaço, Mateus Lucena, 21 anos. “Os artistas da periferia também podem crescer e ganhar seu próprio espaço, sem ter que sacrificar grandes quantias em dinheiro com a deslocação”, acrescenta.
Para a Social Midia do projeto, Lana Chadwick, 17 anos, a falta da valorização da arte e da cultura fora das zonas elitizadas é “lamentável”, já que há uma produção intensa de material. “É preciso dar voz à periferia, fazê-la ser notada, para que as pessoas percebam que a arte está mais perto delas do que são levadas a acreditar”, destaca.
O espaço funciona na QE 40 do Guará II e tem a ideia de abrigar ateliês, um estúdio fotográfico e uma galeria de artes de uma maneira inclusiva para o maior número possível de moradores. O espaço contará, ainda, com eventos semanais gratuitos e abertos ao público.
Por Nathália Carvalho
Sob supervisão de Isa Stacciarini