Conheça a arte periférica de Spek, da Ceilândia, que integra o coletivo Ocupa Becos

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Por entre os muros da Ceilândia, um nome tem atravessado o tempo com tinta e resistência: Spek.

Aos 34 anos e com 24 de vivência no grafite, o artista é uma das vozes visuais do Distrito Federal. A trajetória começou ainda na infância, inspirado pelos rabiscos e cores que dominavam as ruas do seu bairro.

“Grafite e pixação eram coisas que faziam parte do meu cotidiano. Eu sempre prestei muita atenção nas coisas riscadas nas paredes”, relembra.

O cenário em que cresceu, marcado pela presença constante da arte urbana, foi o berço de sua expressão criativa.

A influência dos muros da Ceilândia moldou sua linguagem visual e, mais tarde, impulsionou o nascimento do coletivo Ocupa Becos, do qual faz parte junto a outros artistas da cena periférica.

No início, a recepção ao seu trabalho não foi fácil.

“Quando eu comecei a pintar, o grafite ainda era muito marginalizado. Preconceito era uma coisa comum”, conta.

Apesar de o cenário ter se tornado mais receptivo com o tempo, intervenções e reações negativas ainda fazem parte do cotidiano de quem pinta as ruas.

“Já passei por vários tipos de estranhamentos por conta de alguns trabalhos que desempenho na rua.”

A arte de Spek é diversa, mas carrega sempre um propósito: o de gerar identificação e pertencimento.

“Gosto muito de trabalhar com temas que envolvem a natureza, animais, e principalmente o contexto estético do hip hop. Minha ideia é representar figuras presentes na periferia”, explica.

Sua produção é um reflexo de vivências, construindo pontes entre quem cria e quem vive a cidade de forma intensa.

Essa missão se refletiu em sua participação no projeto de grafite no campus da Universidade de Brasília.

Junto aos artistas Mios e Trapo, Spek deu vida a um painel que retrata a força feminina nos esportes periféricos.

A obra traz a imagem de uma mulher negra segurando uma bola de basquete, em uma quadra típica das quebradas. “A ideia era representar a mulher periférica dentro do esporte, algo ainda invisibilizado”, diz.

Hoje, Spek segue pintando não apenas muros, mas histórias e identidades. Seu traço é um grito colorido que ecoa nos becos, nas quadras e nos corações de quem reconhece, na arte, a potência de existir.

Por Ane Caroline Costa

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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