A 4° edição do evento ‘Isso Aqui é DF’ acontece neste sábado (14), a partir das 14h, no Centro Cultural Taguaparque, em Taguatinga. Com o tema “Na veia”, o projeto visa levar a arte musical pelas “veias” da cidade e promover a cena de artistas independentes na capital federal. Esta é a primeira edição desde a pandemia da Covid-19 e pela primeira vez o festival será realizado fora do Quadradão da CNF, onde ele foi originado.
“(A valorização da cultura musical) Ainda tem muito o que expandir, no DF temos diversos artistas talentosos que merecem alcançar vários espaços. Estou com boas expectativas para esse retorno pós pandemia”, revelou Janna, DJ e co-produtora do evento.
A line-up contará com 16 artistas dos mais variados gêneros, estilos musicais e idades. Ela mescla a juventude com a experiência, representados na face de diferentes artistas, em um espaço aberto para a diversidade, a conscientização e o respeito em prol da valorização da arte periférica.
O espetáculo também contará, pela primeira vez, com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC) e com o apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF. Janna disse que considera um marco, já que o festival sempre foi independente. Além disso, ela destacou a ampliação que o evento teve em relação às outras três edições: “A descentralização e acessibilidade ao público das cidades satélites”.
O festival
O “Isso Aqui é DF” teve a sua primeira edição em 2017, a partir do “Isso Aqui é DF Cozinha Bar”, um restaurante na CNF, em Taguatinga Norte, que contava com a participação de músicos locais. O local funciona, ainda hoje, tanto para refeição como palco para a divulgação de artistas autorais do DF.
A criação do evento junto à reciclagem do nome partiu do DJ e produtor Itin do Brasil, responsável pela idealização do projeto, que visa a valorização da cultura brasiliense, independentemente do gênero musical. É um espaço aberto para todos que desejam desfrutar das raízes artísticas locais.
Conheça os Artistas presentes:
Froid
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Froid se destaca como o principal nome dessa lista. O cantor e compositor é natural de Belo Horizonte (MG), mas mora em Brasília e foi na capital federal que ele desenvolveu sua carreira artística. Tal carreira teve início em 2011, quando fundou, junto a dois amigos, o extinto grupo “Um Barril de Rap”.
Foi a partir de suas participações em batalhas de rima pelo DF que Froid ganhou notoriedade no cenário do hip hop. Com o single “Pseudosocial”, lançado em 2016, o cantor viralizou por suas rimas filosóficas aliadas a críticas sociais, e, assim, deslanchou a sua imagem para o cenário nacional. A partir disso, ele consolidou sua carreira e passou a lançar seus álbuns. O último foi o Oxigênio (Corona Disco), lançado em 2020, em meio à pandemia.
Puro Suco
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Puro Suco é a segunda atração principal do dia e é composto por três artistas do Distrito Federal, mas que ganharam espaço nacionalmente na cena do rap. São eles: Murica , Prs e Ronchi. Os três artistas iniciaram suas carreiras separadamente, mas após cada um perceber suas semelhanças e admiração mútua resolveram formar o grupo.
Murica e Prs são os dois vocalistas do grupo, já Ronchi é o produtor musical e DJ. A banda produz o que eles chamam de rap tropicalista, ou seja, o ritmo original dos EUA com ritmos brasileiros. O grupo conta com apenas um álbum, lançado em 2019, chamado Rataria Popular Brasileira
Realleza
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A terceira e última atração principal do evento fica por conta da cantora Rebeca Realleza. Filha de pai moçambicano e mãe mineira, a artista cresceu em Sol Nascente, região precária e periférica do Distrito Federal. Em meio a uma infância conturbada, em que ela não conheceu o pai, sofreu bullying, e vivenciou o racismo e o machismo na pele, Rebeca conseguiu usar a música como válvula de escape e, posteriormente, como ferramenta de combate à opressão.
Diante dessa realidade, Realleza se tornou um marco no hip hop brasiliense por transformar nas letras a resistência às adversidades presentes em sua vida. A arte, portanto, se tornou instrumento de enfrentamento da realidade e um meio pelo qual conseguiu exprimir seu talento. Em seu álbum “Afrontosa”, de 2020, a cantora registra nas músicas o poder feminino e sua imposição diante das dificuldades.
Telefunksoul (BA)
Mauro Telefunksoul, como é conhecido artisticamente, é um DJ turnabilista e produtor musical de 46 anos, nascido em Brotas, na Bahia, onde reside até hoje. O bairro é para o artista a sua maior inspiração na música, pois apresentou a ele diferentes estilos musicais, desde músicas populares e folclóricas até gêneros internacionais, como o rock. Por eles o DJ obteve seu primeiro contato com a música e transitou até criar o Bahia Bass, movimento cultural que une músicas da Bass Music mundial ao repertório musical típico da Bahia.
“A maior motivação em misturar e ter criado o Bahia Bass foi e sempre será a valorização musical da minha Terra que amo, que é Bahia, e suas características, seja ela da capital, do interior (recôncavo) ou de cada região. Nós baianos somos muitos musicais”, revelou Mauro.
Embora já tenha se apresentado em Brasília, Telefunksoul encarou como única a oportunidade de tocar no “Isso Aqui é DF”: “Enxergo que esse será um festival divisor de águas, descobertas de novas tendências, musicalidades e muita troca de informações e cultura musical.”
O cantor, que já trabalhou e gravou com grandes nomes da música brasileira, como Carlinhos Brown, Elza Soares, Gilberto Gil e Daniela Mercury, disse ainda que pretende apresentar novos singles no festival. Um remake da menina veneno, de Ritchie, na forma de Bahia Bass e alguns “dubplates” que produziu.
Projetin (DJ Janna + DJ Itin Do Brasil)
Janna e Itin do Brasil são residentes de Taguatinga e amigos de longa data. Juntos, são os únicos que participaram de todas as edições do evento e estão, dessa vez, inseridos em um novo projeto artístico, o “Projetin”. Formado no ano passado, o intuito é juntar o estilo dos dois instrumentistas em um mais abrangente, com rap, trap, funk e o boom bap.
Ambos contribuem para a produção do show e observam o fortalecimento da cena independente na região como um dos principais objetivos do projeto. Janna, que também é artista independente, julga a falta de oportunidade como fator primordial para o não agenciamento de artistas menores do DF.
DJ Klap
Produtor musical e DJ desde os 15 anos, Gabriel Klap é um dos nomes esperados para o festival “Isso aqui é DF”. Klap se insere no cenário de Bass Music brasileira, que é caracterizado pela batida um pouco diferenciada, tendo às vezes um grave forte ou uma quebra para marcar o ritmo. “Expectativa alta com o evento pela falta de outros festivais parecidos em Taguatinga! É muito importante para apresentar outros artistas de fora do eixo”, explicou Klap.
Seu set list, ou seja, suas músicas escolhidas, estão bem variadas, mas o músico promete algumas faixas exclusivas e até algumas versões modificadas, a depender do ritmo da pista.
Além disso, Klap falou um pouco sobre as dificuldades pontuais que qualquer artista independente do DF sofre: “Crescer como artista independente é difícil em qualquer lugar, mas no DF, especialmente, é um pouco mais difícil por causa da separação dos artistas. A galera deveria se reunir para fazer alguma coisa juntos”.
Alguns planos futuros do DJ incluem participar de mais eventos musicais e para esse ano Klap pretende lançar um álbum novo com a participação de vários artistas. “Esse ano ainda pretendo lançar meu próprio com participação de artistas locais, do Rio e de São Paulo. Além disso, tocar em eventos grandes fora do DF e quem sabe em uma turnê na Europa”, explicou Klap.
DJ Broken
Rafael Broken é Produtor musical, DJ e engenheiro civil. Segundo Rafael, sua principal fonte de renda é como engenheiro civil, mas sua paixão pela música é a sua motivação. Broken se aproximou da música eletrônica e se interessou pela arte através de seu pai e, principalmente, de seu irmão. “Acompanhei ele em muitas festas quando fiz 18 anos, a maioria era de música eletrônica onde se tocava Drum and Bass, Breakbeat, House, Techno e etc”, relatou Rafael.
Broken, com muito orgulho, fala de sua música “Intelligence” produzida para o álbum colaborativo “Algarabía” da gravadora colombiana “Amplifire”. O álbum foi lançado em 2021 e ficou por mais de dois anos em produção. Além dessa música, Rafael promete tocar de forma exclusiva no festival algumas faixas que vem trabalhando recentemente.
Ele destacou a importância do evento para fomentar a produção musical independente de outros artistas, assim como a dele. “Temos um leque gigante de artistas capacitados na nossa capital”, explicou o músico.
Apoena Ferreira e Jocilaine Oliveira
Apoena e Jocilaine são um casal do Recanto das Emas (DF) e compõem uma dupla que está ativamente ligada às raízes do Reggae. Suas músicas traçam como enfoque o amor de Jah e a esperança de uma sociedade mais igualitária, livre e justa. Mesmo embora a proposta seja otimista, a dupla não deixa de denunciar as correntes aprisionadoras do Estado e as injustiças sociais.
Além da dupla com Jocilaine, Apoena possui um forte repertório nacional e é tido como uma das maiores vozes do Reggae no país. Possui duas outras bandas: Terra prometida e Dialeto Sound Crew, as quais ajudou a fundar e também performa como vocalista. Em relação à dupla, ele assume a frente vocal enquanto sua companheira atua principalmente na parte de Backing Vocais.
Conexão Baú
Outro grupo que trabalha a resistência sobre a opressão sistemática e estatal, o Conexão Baú é uma banda de Rock, tangente ao Hardcore Punk, mas também com um pingo de hip hop e alternativos. A banda é composta por Carlos Enos (vocal), Pedro Frazão (baixo), Davi Felix (guitarra), Hao Mendes (bateria) e Ismael Cocha (vocal).
Com temáticas que exploram a insatisfação perante a problemas sociais e políticos, o grupo resgata injustiças históricas, denuncia violências policiais e evidencia as mazelas de uma sociedade marginalizada. Desse modo, seus posicionamentos incisivos beiram o anarquismo. O primeiro e único álbum da banda foi lançado ao começo da pandemia, em maio de 2020, e se chama “Guerrilha Social”.
DJ Cambraia / Metatron
João Cambraia, mais conhecido como DJ Metatron, é um DJ e produtor musical de Brasília. Seu gênero é mais ligado à música eletrônica e especificamente o psytrance, muito popular em raves. Cambraia vem crescendo muito em sua carreira e, com o apoio da Resina Records, já conseguiu tocar inclusive fora do país, no México.
O DJ faz parte de um grupo seleto de pessoas do evento que possuem gravadoras. A Resina Records veio com o intuito de ajudar justamente esses artistas, como Metatron, a elaborarem e divulgarem seus trabalhos em cima de seus próprios estilos.
DJ A
Um dos grandes nomes do Distrito Federal, Alisson Lopes, conhecido como DJ A, varia seu estilo musical entre Hip Hop, Pop, Funk e Trap. Tamanha maestria em tantos estilos é decorrido de muita experiência; DJ A trabalha no ramo musical há cerca de 24 anos e foi no início dos anos 90 que teve seu primeiro contato com a música, através de amigos e da troca de fitas de Hip Hop de sua época.
Foi a partir dos 18 anos que o DJ começou a frequentar as festas à noite e, a partir daí, sua carreira começou a crescer. O marco disso foi a vitória em um campeonato de DJs em Goiânia.
Furmiga Dub
Fabiano Formiga, mais conhecido como Furmiga dub, é um artista que mistura música eletrônica com ritmos nordestinos famosos, como xote, maracatu, baião e outros.
Furmiga formou-se em música pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e participou por mais de dez anos na orquestra sinfônica de seu estado, mas foi no ritmo eletrônico que ele se encontrou.
DJ Sydney
O produtor e DJ Sydney Sousa foi do Ceará, sua terra natal, para o Rio de Janeiro e está no ramo musical há mais de 8 anos. O estilo musical recorrente nos remixes produzidos por Sydney é o funk, mas em algumas músicas ele faz a mistura entre músicas pop de cantores dos EUA com o funk brasileiro.
DJ OGL
OGL é DJ e produtor musical de Brasília. Se destaca pela produção e mixagem de diferentes estilos por trás da música eletrônica. O DJ está ativo na cena em Brasília há longos anos e trabalha principalmente com o “turntablismo”. Da adaptação em inglês, o nome descreve a arte de manipular sons e criar músicas a partir do “turntable” fonógrafo e de um mixer.
Besouro do rabo branco
A banda começou com um sonho de adolescência pela busca da fama, que se tornou em uma paixão incondicional pela música. O grupo já abriu shows de artistas como Zé Ramalho e a banda Cidade Negra. O estilo musical da banda é uma mistura de rock de grandes nomes internacionais, como Led Zeppelin, com um MPB vanguardista de Caetano Veloso.
DJ Savana
Savana não é seu nome artístico é seu nome de batismo. Nascida no Maranhão, veio para o DF em 1990, onde reside até hoje em Samambaia. Seu estilo musical se baseia nos Raps noventistas e atuais, Soul e Disco music e por fim os grooves fundamentais do funk. Savana faz todo o seu set no vinil e busca referências fortes no black music.
Lui J
Lui J (Júnior) é um DJ e também contador de Brasília que está fortemente ligado à arte da discotecagem e da mixagem de sons. Seu estilo flutua entre o dubstep, o break, o drum n bass e outras vertentes da música eletrônica. Neste sábado, Lui J dividirá a pista “Lazer” com os demais DJ’s e será o primeiro artista a se apresentar.
Confira a Line Up do evento:
Ingressos e informações adicionais:
Os ingressos estão disponíveis no Sympla: https://www.sympla.com.br/evento/festival-isso-aqui-e-df-na-veia-convida-froid/1486133
Além da venda convencional, a organização do evento abriu a chamada “Lista T”, inclusiva para pessoas trans. Para obter o ingresso, basta enviar as informações completas (nome social + e-mail) para o perfil @aboutsierra no Instagram, até às 10H do sábado (14/5).
O evento exige o passaporte vacinal obrigatório e possui restrição para menores de 18 anos, que só poderão entrar com responsáveis. Menores de 12 anos não pagam.
Por Andrés Ruiz e Vinícius Milhomem