Entre a Paraíba e o Distrito Federal, o brasiliense Pedro Henrique Avellar de Aquino, de 21 anos, herdou da família nordestina uma veia artística.

Com uma irmã mais velha nas artes plásticas e uma avó pianista, foi introduzido ao universo do entretenimento desde o berço.
Quando era mais novo, adorava ir ao cinema e depois pesquisar sobre o filme, os atores e a produção. Queria saber como era por trás das câmeras.
Fora de casa, a arte também estava presente em sua vida por meio de aulas de música, pintura e teatro que teve na escola.
Formação
No ensino médio, o cinéfilo decidiu transformar seu interesse pela sétima arte em sua profissão.
Entre 2020 e 2022, Pedro se formou como técnico de audiovisual pelo Instituto Federal de Brasília (IFB).
Devido ao período da pandemia do Covid-19, a experiência de aprendizado do também produtor e assistente de direção foi prejudicada, o que o motivou a entrar no curso de cinema, no qual está atualmente no último ano da faculdade.
Dentre os cinco projetos autorais que Pedro já realizou, seu favorito é um episódio de uma série pensada para uma disciplina do terceiro semestre do curso no IESB.
Distopia
Intitulada “Distrito 21”, a produção, que se tratava de uma distopia futurística em Brasília, marcou o aspirante a diretor porque foi a primeira vez que dirigiu um projeto.
Já entre os três trabalhos que fez para produtoras maiores, o longa “Entrequadras” também tem um lugar especial no coração do rapaz.
Gravado no ano passado durante dois meses e meio, o filme, por se passar na década de 1990, exigiu da equipe uma reconstrução desse período, o que foi um diferencial para Pedro, que até então nunca havia feito algo assim.
Além de ser apaixonado pelo lado técnico do audiovisual, ele flerta com o lado docente e deseja conciliar as duas áreas no futuro.
Rotina
Assim como muitos atuantes nesse mercado, o descendente de paraibanos costuma trabalhar em uma escala 5X2, em uma diária de normalmente de 12h com folga nas próximas 12h.
Embora a diária seja previamente combinada com o contratado, não é raro o empregado passar mais do que o tempo estimado para terminar o serviço. Quando isso ocorre, normalmente a empresa empregadora paga para a equipe um valor equivalente a horas extras.
O cinéfilo, que já trabalhou em produtoras tanto de publicidade quanto de cinema, chegou a ficar uma vez 18h em um set de filmagem.
Ele afirma que esse tipo de situação acontece devido à falta de um sindicato dos trabalhadores do audiovisual no DF, organização que grandes polos desse meio, como Rio de Janeiro e São Paulo, abrigam.
Segundo Pedro, o mercado audiovisual brasiliense, embora esteja crescendo aos poucos, ainda é uma bolha. A vantagem é que os profissionais, que não são numerosos, se conhecem e criam uma lista de contatos com quem vale a pena trabalhar ou não. Por isso, as produtoras tentam evitar calotes para não serem excluídas das recomendações. “Mesmo quando há o pagamento em uma diária estourada, não repõe o estresse que a gente passa naquele dia”, desabafa o assistente de direção.
“O diferencial de Brasília é o profissional. Já ouvi de pessoas de São Paulo que, quando um brasiliense vai para lá, eles adoram porque geralmente é alguém que tem um bom conhecimento geral de audiovisual”, destaca. Para ele, a capital federal também é bastante cinematográfica ao oferecer um cenário tanto voltado para o passado quanto para o futuro.
Pedro ainda lamenta que a cidade continua fora do eixo onde a maioria das gravações são realizadas devido à falta de investimentos do governo local e de empresas privadas, que grande parte, de acordo com o brasiliense, tem uma mentalidade mais fechada e não enxerga o potencial do DF.
Por Catharina Braga
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira