As luzes se apagam, o público aguarda ansiosamente e de repente a música começa. Uma trilha marca o início do musical e a entrada dos personagens. A apresentação dos atores é feita por meio de dança e cantoria. Em um primeiro momento, a ideia ficou confusa por conta da mistura que é feita com diversos núcleos do enredo. Trata-se de um espetáculo para quem já tem alguma referência sobre as obras de J.K. Rowlling. Em entrevista com o diretor do musical Ricardo Taveira, ele explica que isso é uma maneira de dar um ar cômico e trazer à tona piadas adaptadas ao cenário brasiliense.
O torneio Tri-Bruxo, a morte de Cedrico Digori e o retorno de Lord Voldemort foram pontos altos da primeira metade do espetáculo. Com o volume de informações grande e a ideia do mix entre histórias, colocaram os bruxos de Hogwarts para encenar o torneio em vez de trazer personagens como Victor Krump e Fleur. A ausência de personagens secundários não atrapalhou em nenhum momento pois, Ricardo conseguiu escrever o roteiro de forma que não faltaram risadas da plateia, e então atingir o objetivo de não atrapalhar a construção da história.
Apesar de não sentir falta dos personagens secundários, um detalhe que talvez possa ter sido percebido, foi a quantidade escassa de coreografia, afinal o musical trata de uma adaptação estrangeira que por consequência, quando se pensa em culturas internacionais, os musicais se especializam muito em danças em grupo. Contudo, se levar em conta a quantidade de atores e as condições em que foram feitas, pode-se entender e então aproveitar o espetáculo como um todo.
Com uma duração de 2 horas e trinta minutos de duração, foi preciso um intervalo de 15 minutos. Esticar as pernas, um gole d’água e um pulo no banheiro serviram para continuar com a segunda etapa. A Ordem da Fênix que até então não havia aparecido, entrou quase já no final. Cenas como o ritual de reencarnação de Voldemort, a morte de Dumbledore e os instantes finais da saga, finalizaram a parte teatral e concluíram os momentos importantes com uma encenação impecável.
Por fim a batalha final entre Harry Potter e Lord Voldemort, retratada em uma canção emocionante, agraciou quem estava presente no teatro, com lembranças boas e emocionadas de gerações que viveram o auge do bruxo mais simpático de todos os tempos.
Ricardo que é diretor e protagonista do musical, diz que a surpresa para ele foi em relação a receptividade do público, uma vez que as piadas e o próprio texto foram aplaudidos em momentos que ele não esperava. “A gente colocou umas piadas que esperávamos que as pessoas iriam receber bem mas em geral, até as coisas que nós colocamos como texto, o público aplaudiu, riu junto e a gente tentou, como ator e como artista, tentar responder bem a isso que o público estava mandando de volta pra a gente”, diz Taveira.
Por Henrique Kotnick
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira