Em Brasília, casamentos e até separações são feitos em rituais celtas

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Casamentos e até separações são realizados em rituais celtas formais por sacerdotisas. Elas defendem que a vida tem ciclos, como explica Mariana Valente. “As sacerdotisas que faziam esses rituais. Antigamente isso não era feito por homens porque é a mulher que traz a vida, o fluxo da vida.” 

Mariana Valente celebrando casamento celta / Crédito: Arquivo Pessoal

Rituais

O rito de passagem é celebrado ao ar livre, com a presença de elementos da natureza para consagrar a fertilidade, a prosperidade e o amor.

Surgiu aproximadamente 1.200 a.C entre povos antigos que habitavam regiões da Europa Ocidental.

Segundo Mariana Valente, responsável por realizar as cerimônias e oficializar os rituais há mais de dez anos, o casamento, os rituais tinham o intuito de celebrar não somente a esperança trazida pela fertilidade, mas também o início de um novo ciclo na vida dos noivos.

“Essas pequenas comunidades eram estáveis nessa organização e todas elas tinham essa capacidade de celebrar e ritualizar cada movimento, cada mudança de estação, cada novo ciclo da nossa vida. Isso era um jeito de integrar o mundo espiritual e emocional ao que estava acontecendo no mundo material.” 

Conforme Mariana Valente explica, a união, a intimidade e a fertilidade traziam esperança, sendo tanto pela fertilidade do solo, quanto pela geração de novas vidas.

“Então, a atividade sexual é sagrada. Une o masculino com o feminino. Que une o céu com a terra e traz fertilidade. Que, para eles, isso era o mais importante. Manter um filho vivo era difícil, ter fertilidade na terra era difícil, sobrevivência era difícil.”

Não é por acaso que cada detalhe do ritual é pensado para simbolizar o quão mágico e esperançoso um casamento pode ser, indo desde o simbolismo presente na entrada dos noivos, até a Pedra Boji presente no altar. 

Elementos

A sacerdotisa explica que o gesto de jogar arroz nos noivos e colocar flores por todo lado não é só tradição.

Os elementos do altar / Crédito: Arquivo Pessoal – Mariana Valente

Ela exemplifica que as flores, por exemplo, representam a fartura da natureza e a esperança de que a vida do casal floresça igual jardim bem cuidado.

Já o arroz tem uma função bem simbólica: atrair prosperidade e fertilidade.

Outros elementos, segundo explica Mariana Valente:

Vinho: simboliza o sangue dos ancestrais. Beber vinho na cerimônia é como brindar com todos os tataravós que já existiram.

Tapete: O tapete vermelho representa o fluxo da ancestralidade, o sangue da vida que vai seguir nos descendentes.

Pedra Boji: sempre usada em pares, representa a energia feminina (Yin) e a energia masculina (Yang).

Cravo branco (do noivo) e rosa vermelha (da noiva): são os representantes oficiais dos gametas. O cravo simboliza o sêmen, e a rosa, o sangue menstrual. Juntos, eles mostram que a fertilidade está no ar e que os opostos se atraem e se complementam!

Maçã: Quando cortada no meio, ela mostra uma estrela de cinco pontas — o famoso pentagrama — com direito aos quatro elementos da natureza e o espírito no centro.

Pão: feito com os quatro elementos, representa esforço, sustento, superação e afeto.

handfasting: Os laços espirituais e energéticos são atados no momento em que trançam fitas e realizam o rito de – que em tradução livre significa “amarrar as mãos”.

Alianças: Aquelas que vão no dedo anelar porque, segundo os antigos, por ali passava uma veia direta para o coração. A ideia é que o amor fique ali circulando pra sempre.

Vida em ciclos

Os celtas entendem que os casamentos possuem um prazo de “validade”, de um ano e um dia.

Ao final do tempo de um ano e um dia, o casal é orientado a renovar essa união energética, onde podem conversar sobre o ano que tiveram, e entrar em acordos para o próximo ano.

A renovação pode ser feita apenas entre o casal, reforçando a intimidade e a conexão destes. Em caso de divórcio, também é concedida a permissão para anulação dessa ligação, deixando ambos os lados livres para que sigam com sua vida. Vivendo assim, mais um ciclo.

Por Cecília Péres e Maria Eduarda Fernandes

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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