Entrevista: Philippe Seabra, da Plebe Rude, critica falta de espaço para rock autoral em Brasília

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Créditos: Facebook Plebe Rude/ divulgação
Créditos: Facebook Plebe Rude/ divulgação

O guitarrista e vocalista Philippe Seabra, da banda brasiliense Plebe Rude, vive mais um momento para se comemorar nos palcos depois de 30 anos do lançamento do primeiro disco “Concreto já rachou”. O grupo (que inclui Clemente, André e Marcelo Capucci) foi escolhido para abrir o show da Guns N’ Roses no Rio de Janeiro, na terça passada, e em Brasília, neste domingo (20).  Segundo Seabra, a banda foi chamada depois do sucesso de uma apresentação dos norte-americanos em 2014. Apesar de uma trajetória consagrada, o guitarrista se preocupa com a falta de espaço para bandas autorais. Ele fala com conhecimento de causa. A Plebe Rude faz parte da geração de ouro do rock de Brasília e do Brasil. Em entrevista à Agência de Notícias UniCEUB, o músico explica como é o projeto Rock na Ciclovia e quais os planos da banda daqui para frente.

Como é para você abrir o show do Guns N’ Roses?

É interessante porque na turnê passada, quando era só o Axl Rose na formação do Guns N’ Roses, a gente fez um show em Brasília que fez tanto sucesso que nós fomos convidados para tocar em São Paulo também. Isso foi em 2014. Quando o Guns voltaram pro Brasil, resolveram convidar a gente de novo.

Scalene abriu para o Guns N’ Roses em Porto Alegre (RS). O que significa ter duas bandas de Brasília abrindo para o Guns N’ Roses?

Acho que isso vem da questão da qualidade do rock de Brasília. Nós temos muita qualidade. Juntar a geração antiga com a nova geração foi uma grande experiência.

Como está o cenário para o rock autoral em Brasília?

Tá um pouco difícil a cena porque não tem muito onde tocar. As casas noturnas entre quinta e domingo estão fechadas para bandas autorais. Aí as bandas não conseguem exercer seu trabalho, aprimorar suas técnicas, suas músicas. E o público também fica apático e só quer ouvir sucesso garantido. Inclusive, eu faço um evento chamado Rock na Ciclovia, dia 27 vai ocorrer a 13ª edição do evento e vai ser no pavilhão do parque da cidade. Nós vamos reinaugurar a rampa acústica, que fica no canto do pavilhão e já foi cenário do Cabeças da década de 80. Isso é uma das coisas que eu estou tentando fazer para fomentar o espaço autoral de Brasília.

Quais os planos futuros para a Plebe Rude?

Nós estamos no final da excursão Nação Daltônica. Lançamos esse disco em 2014 e estamos encerrando as comemorações dos 30 anos do Concreto Já Rachou (primeiro álbum da banda) e vamos finalizar mais esses 5 shows com o Guns. Para o futuro, estamos planejando um DVD ao vivo e acústico. Mas assim, um acústico “lado B”. Primeiro que não vamos tocar sentados e segundo que vamos tocar várias músicas da Plebe Rude que não são muito conhecidas, mas que são muito boas.

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Ressurreção do “rock na ciclovia”

Créditos: Divulgação Rock na ciclovia
Bandas de rock se organizam nos anos 80 para realizar eventos em prol do cenário autoral de Brasília.

O evento Rock na Ciclovia começou nos primórdios do rock brasiliense. Numa despretensiosa tentativa de mostrar a juventude da cidade, os roqueiros da Plebe Rude começaram a realizar shows por conta própria na ciclovia do Lago Norte, durante as tardes de domingo, em meados dos anos 80. Por esse evento passaram nomes como Legião Urbana e Renato Russo (na fase pós-aborto elétrico) e claro, a própria Plebe Rude. Após anos, a capital do rock estava parecendo mais a capital do “cover”, cada vez mais sem espaço para as bandas autorais tocarem. Então, Philippe resolveu tomar uma atitude e voltar a promover os eventos Rock na Ciclovia apenas com as bandas autorais remetendo à antiga era do rock e sem dinheiro público para fazer o evento acontecer.

“Quando a gente fazia esses eventos, não tínhamos nada. O único contato da gente com o poder público era o cassetete na nossa cabeça. Estamos revivendo essa independência do governo”, contou Philippe Seabra.

Por Bruno Santa Rita

 

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