Foi como uma “ventania”, uma “tempestade”. Nas palavras da própria escritora, a inspiração ganhou forma, força e conteúdo. E pensar que tudo começou de forma despretensiosa. Mas a poetisa, professora e pesquisadora Sandra Araújo, estudiosa da língua portuguesa e devota das letras e literatura, tomou gosto pela atividade e já participou de três edições de concursos literários. Em 2012, na primeira participação, teve um poema selecionado em meio a 2.500 candidatos, ficando entre os 120 melhores. O poema “Casa de Vento”, que dá nome ao livro, trata sobre a própria atividade da escrita: “(…) Mas, nessa ventania/eu queria fazer boemia/Equilibrar versos em ventos/que varrem dores/e assobiam amores…”. Casa de Vento, o livro (174 páginas e 150 poemas, Editora Tanto Mar), é lançado neste sábado, 14 de abril, no Ernesto Cafés, na 115 Sul, a partir das 18h.
Após elogios e reconhecimento, ela decidiu levar adiante a ideia de poetizar em redes sociais, primeiro no Facebook e depois no Instagram. “Eu comecei a ver que os poemas tinham impacto sobre as pessoas que estavam me seguindo e elas começaram a gostar, comentar e começaram a me incentivar, isso me motivou muito, comecei então a postar dois, três poemas em um dia”.
Confira a entrevista com a autora de “Casa de Vento”:
Agência de Notícias UniCEUB: Como se deu o processo de criação do livro? Quanto tempo você está trabalhando nele?
Sandra Araújo: O processo de criação do “Casa de Vento” se deu de uma maneira inesperada, inclusive é por isso que ele se chama “Casa de Vento”, porque foi como uma ventania, uma tempestade. Eu escrevia poemas, mas de uma maneira muito tímida, muito pessoal, escrevia e guardava para mim, depois quando eu estava na fase do doutorado em 2011, 2012, eu comecei a participar de alguns concursos literários e tive alguns poemas selecionados para fazer parte de antologias. Participei de antologias da editora Vivara, da editora Lampejo, mais recentemente da Universidade Federal de São João Del Rey e, quando eu comecei a ter poemas selecionados nesse concurso, eu comecei a me sentir mais confiante com a escrita e sentir que eu podia me expor um pouco mais.
Foi aí que eu comecei a postar nas redes sociais, criei um blog e Facebook com o nome “Onde pousa a poesia” e comecei a postar no meu perfil no Instagram, “sandra.poesia”, poemas curtinhos em formato de fotografia, mas ainda de maneira muito tímida. Aí, os seguidores pediram para que eu pudesse materializar em livros, eu achei muito curioso pois vivemos em um tempo em que as pessoas querem a informação muito rápida, estão muito ligadas a redes sociais e lendo muito pouco, mas curioso porque muitas pessoas começaram a me escrever e perguntar: “Ah, Sandra, quando vai sair o livro?”, “Publica o livro”… Então, eu tomei coragem e resolvi criar o livro. Desde do final de 2016, início de 2017, eu comecei a selecionar os poemas porque era tudo muito pessoal, não tinha intenção de fazer um livro. Já no segundo semestre de 2017 enviei para a editora “Tanto Mar”, que teve interesse na publicação. Ficou pronto no final de 2017.
Agência de Notícias UniCEUB- Quais são suas expectativas para o lançamento? Há um público que deseja atingir?
Sandra Araújo- Bom, como é o primeiro livro meu, não é participação em antologia, a ansiedade é muito alta até porque eu não tenho uma definição completa de quem é o meu público. Eu sei que o meu público são os meus seguidores das redes principalmente, então minha expectativa é essa: quem são essas pessoas que me seguiam? Os meus alunos, os meus amigos, as pessoas que me conheceram na Internet, quem são essas pessoas que pediram a materialização desse livro? Então eu quero ver essas pessoas lá no dia. Eu quero estar com essas pessoas, próxima delas, e conhecer o meu público. Estou me apresentando para Brasília, então a ansiedade é muito alta, não me considero poeta ainda, embora os editores e algumas pessoas elogiem o trabalho, falando que eu sou uma poeta, tenho medo desse título.
Agência de Notícias UniCEUB – Por que poesias? É o gênero literário com que você mais se identifica?
Sandra Araújo- Eu me identifico muito com esse gênero, porque foi ele que estudei na minha tese de doutorado. Eu fiz uma tese sobre a escritora mineira Adélia Prado e a uruguaia Circe Maia, então eu me dediquei ao estudo da poesia e acho que isso me ajudou a querer escrever poesia também. A minha expectativa é que as pessoas entendam como a poesia está no nosso cotidiano, está no nosso dia a dia, foi por isso que eu comecei a escrever na rede social, pois eu acho que é um canal para a divulgação desse tipo de poesia que tem como temática o cotidiano.
Agência de Notícias UniCEUB – O que você gostaria que as pessoas sentissem quando lessem as poesias?
Sandra Araújo- O que eu mais gostaria que as pessoas sentissem ao ler o livro é essa questão que a poesia está em tudo. Como diz a Adélia Prado: “A poesia pousa onde lhe apraz”, inclusive é por isso que a tese se chama “Onde pousa a poesia”, é inspirada nessa frase dela, a página no meu Facebook tem esse nome também. Eu penso que a poesia alcança as pessoas em um tempo que a sociedade está tão líquida, como disse Bauman, de relações rápidas, informações rápidas, tudo muito corrido e superficial. Então que essa poesia alcance esse cotidiano, também corrido, que às vezes é feliz e às vezes triste, a poesia alcança tudo. Eu gostaria que as pessoas percebessem essa característica, de poder falar de tudo.
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Por Rayssa Brito
Imagens: Arquivo pessoal da entrevistada
Sob supervisão de Katrine Boaventura e Luiz Claudio Ferreira