Em forma de monólogo performado por Paula Jacobson, o projeto idealizado por Ernandes Silva estreia nova temporada com 12 sessões ao longo de setembro
Durante o mês de setembro, o Teatro Verônica Moreno do Complexo Cultural de Samambaia será palco para o espetáculo Cicatrizes, escrito e dirigido por Ernandes Silva e com a atuação de Paula Jacobson. A temporada em cartaz oferecerá 12 sessões, sendo a primeira realizada neste domingo (11/9), às 19h, e estendendo-se até o dia 27 de setembro.
Com entrada franca e classificação indicativa recomendada para maiores de 14 anos, a performance será entregue no formato de monólogo, com Jacobson no papel da personagem Sônia. Como o nome já indica, Cicatrizes carrega uma temática central cujo teor é totalmente marcante, traumatizante e atemporal: a violência contra a mulher. O espetáculo coloca em foco diversos tipos de violência, com atenção especial à violência doméstica.
No que se refere ao objetivo principal da existência de Cicatrizes, a atriz Paula Jacobson destaca a tentativa da peça de fornecer um espaço que viabilize temas de autodefesa, segurança e impacto social, tocando o maior número de pessoas possível, tanto que podem estar passando por situação semelhante, ou que conheçam alguém que está inserida nessa realidade.
Na dramaturgia, Sônia é uma mulher casada e independente financeiramente, vítima de constantes abusos do marido dentro da própria casa. Em um contexto onde ataques físicos e verbais são uma problemática tão frequente no cotidiano das mulheres, o monólogo destaca a realidade do feminicídio, machismo exacerbado, intolerância e a importância da denúncia, bem como potenciais fatores que possam vir a inibi-la. O que mantém duas pessoas dentro de um ambiente violento? Que empecilhos no âmbito familiar impedem a vítima de procurar socorro? Estas são algumas das questões levantadas ao longo do espetáculo.
A inspiração para a história apareceu diante de Ernandes Silva há cerca de 20 anos atrás, por meio de relatos de mulheres que já vivenciaram algum tipo de assédio ou violência, bem como das pesquisas realizadas por ele, uma vez que a questão mostrou-se tão importante e urgente de ser representada no campo teatral. Na época em que trabalhava em uma loja de atendimento frequentada por uma grande clientela feminina, Ernandes ouviu o depoimento de uma cliente em especial que causou impacto significante em sua visão de mundo.
“Naquela época, fiquei impressionado ao ver uma mulher tão forte contar uma história de violência dentro do lar dela. Isso me chocou e chamou atenção”, explicou Ernandes. O diretor e dramaturgo destacou ainda a importância de utilizar o meio das artes cênicas como veículo para dar voz a problemáticas como a presente em Cicatrizes: “Eu, como artista, não posso me calar. Comecei a escrever tudo o que observava, pesquisava e ouvia sobre violência contra a mulher e, a partir disso, costurei a história do espetáculo. Cheguei à conclusão de que a violência doméstica é universal e atinge todas as classes. Preciso dar a minha contribuição e fazer valer a essência do teatro, que é não somente levar divertimento e cultura, mas também levar informação, provocar e contribuir com a sociedade de alguma forma.”
A primeira apresentação em palco do monólogo foi feita em 2011 na capital federal e, desde então, já circulou por diversos estados do Brasil e deu voz a várias atrizes no papel da protagonista. Desta vez, Paula Jacobson traz a própria interpretação ao palco de Samambaia. “A pessoa que interpreta tem uma roupagem diferente por conta da individualidade de cada um. A peça é a mesma desde a sua criação, com pequenas alterações, mas a vivência e sentimentos da atriz imprimem uma personalidade diferente pra personagem”, diz Jacobson a respeito das sutis adaptações que a peça recebe a cada nova temporada.
Ernandes salienta a busca por sempre atualizar o discurso de Cicatrizes. “Mudanças sempre são incorporadas à peça, mas o curioso é que todas as histórias que escutamos sobre violência doméstica são muito parecidas. Começam da mesma forma e, se não procura-se ajuda, podem também terminar da mesma forma, com um fim trágico”, conclui.
O espetáculo já recebeu os prêmios de melhor atriz (Maria Eleide como Sônia), melhor sonoplastia por Tauana Barros e foi indicado a melhor espetáculo, direção e dramaturgia no 5º Festival Nacional de Floriano, Piauí. Nesta edição, a produção contará com mini-palestra, tradução em libras, audiodescrição e debates ao final das sessões que serão mediados pela psicóloga/atriz Lilian França, Jacobson e Ernandes Silva.
Confira as datas e horários das sessões do espetáculo Cicatrizes:
- 11/9, às 19h
- 12/09, às 10h e às 15h30
- 13/09, às 10h e às 15h30
- 25/9, às 19h
- 26/09, às 10h, às 15h30 e às 20h
- 27/09, às 10h, 15h30 e às 20h
Serviço
Espetáculo cicatrizes
Dias 11/9 a 27/9, no Teatro Verônica Moreno – Complexo Cultural de Samambaia
Entrada franca; Classificação indicativa: 14 anos
Por Giovanna dos Santos
Crédito da imagem: Humberto Araújo/Divulgação