Dirigida pelo coreógrafo Jaciel Neri, o espetáculo Yuku Kaa (Río de Fuego), de inspiração mexicana, foi uma das apresentações do festival de dança MID (Movimento Internacional de Dança), encerrado na semana passada, em Brasília, que surpreendeu o público.
A sequência, recriada com bailarinas brasilienses, busca resgatar a ancestralidade e a linhagem folclórica feminina da cultura popular do México, país de origem do artista.

Foto: Caio Marins
Processo
De acordo com o diretor- assistente do MID, Cris Cantarino, 33, a seleção dos dançarinos para participar desse projeto foi aberta para pessoas não binárias e mulheres, no intuito de encontrar artistas com uma maior energia feminina para representar as personagens. “Foram selecionadas cinco dançarinas de corporeidade que mais se aproximasse do trabalho para compor a montagem”, explicou.

Foto: Caio Marins
A cena foi composta por sete dançarinas ao todo: cinco brasileiras selecionadas e duas que acompanharam a viagem do coreógrafo, do México até o Brasil. Entre elas estão Gabriela Cidade, Raquel Mergener, Ana Cruz, Marcia Regina dos Santos, Daniela Cabrera, Paola Balan e Geovana de Oliveira.
Apesar da história despertar as raízes de Jaciel Neri, os artistas também tiveram a oportunidade de transformar a história em identificação para as bailarinas brasileiras participantes. Assim, foi possível reunir vivências de diferentes lugares, mas em comum na realidade das mulheres latinas.
O Festival
O MID foi criado no intuíto de agrupar as expressões e linguagens diversas que podem ser originadas por meio do movimento. O Movimento Internacional de Dança é uma realização do Instituto Bem Cultural e fundado por Sérgio Mattos Bacelar e Sérgio Maggio.
Hoje é reconhecido como um dos maiores festivais de dança do Centro-Oeste e da América Latina. “Temos uma programação que vai desde coreografias e trabalhos artísticos amadores até os profissionais”, contou Cris. Coreografias curtas apresentadas em mostras, espetáculos locais, nacionais e estrangeiros são exemplos do que é presente nessa programação.
Neste ano, para terem mais corpos negros em cena, a maioria dos trabalhos foram realizados por artistas não-brancos ou elaborados de alguma forma que dialogasse com a cultura afro-dispórica e com a negritude.
A agenda principal do evento foi composta por três semanas de rodadas de negócios, batalha all Style, mesas de debate, oficinas, mostras e residências artísticas, todos no contexto do universo da dança.
Plano Educativo
O diretor-assistente explicou que a segunda etapa do festival iniciou neste domingo, 19 de outubro, na qual o projeto pretende circular por dez escolas e quatro teatros ( Complexo Cultural de Samambaia, Complexo Cultural de Planaltina, Sesc Ceilândia e Sesc Gama) de regiões administrativas de Brasília, fora do Plano Piloto.
O objetivo é atender e sensibilizar cerca de 4 mil alunos da rede pública de ensino, os quais terão acesso ao plano educativo do Movimento. Á fim de sensibilizá- los, esses estudantes poderão passar por uma mediação de quatro obras artísticas e coreográficas de dançarinos locais.
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Ficha Técnica:
Direção coreográfica: Jaciel Neri.
Criação e performance: Paola Balán, Daniela Cabrera, Gabriela Cidade, Raquel Mergener, Ana Cruz, Marcia Regina dos Santos e Geovana de Oliveira.
Figurino: Guadalupe Neri, Jaciel Neri.
Criação sonora: Aratz Hernandez, Jimena Colibri & Jaciel Neri.
Iluminação: Giovanni Pérez, Jaciel Neri.
Duração: 60 minutos
Classificação: Livre
Por Manuela Mendonça
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira