Eventos relacionados à cultura hip hop, em Brasília com entradas entre R$ 20 e R$ 50 têm gerado reclamações do público. Um festival de hip hop, que acontecerá dia 3 de setembro, em Brasília, por exemplo, está com ingressos no valor de R$ 65.
O evento será o maior festival de Hip Hop já produzido no país, em quantidades de grupos e estrutura. Os ingressos do 2º lote estão custando para o evento que vai reunir 20 bandas de rap, duelos de MC’s, e a presença de três campeões mundiais de skate.
Entre os fãs, entrevistados posicionaram-se contrários ao preço. Afirmam que um evento relacionado a essa cultura, que prega a igualdade e inclusão social e atende principalmente a periferia, deveria ter entrada franca. O hip hop é conhecido por dar atenção especial à periferia e a quem precisa de uma oportunidade.
Nissin, MC da banda Oriente desde 2009, acha que para tudo existe um equilíbrio. “Eu acho que ninguém quer trabalhar sem ganhar nada, mas se for por uma causa, se for por um motivo, os artistas tocam de graça sim, com certeza”.

O grupo Oriente, surgiu em Niterói e é atualmente um dos mais influentes dentro do cenário do rap nacional. Criou uma legião de fãs com seus singles “Linda, Louca e Mimada”, “O Vagabundo e a Dama” e com suas últimas músicas lançadas, que vão integrar o novo CD que está em produção, como por exemplo, “Vagabundo É Foda” que tem participação de Pedro Qualy, rapper do grupo Haikaiss. Oriente tocará no festival Yo! Music dia 3 de Setembro, às 18h40.
O estudante Guilherme Passos, de 18 anos, apreciador do movimento, acha que os eventos deveriam ser abertos. “Acho que eventos de hip hop deveriam ser gratuitos sim, porque o movimento nasceu na periferia e suas letras sempre dão ênfase à classe mais marginalizada”. Porém outros adeptos ao movimento, têm em mente que tudo isso requer profissionalização, de forma que, todos precisam ser remunerados pelo que produzem, afinal, eles fazem parte do mercado musical. A estudante Mariana Albuquerque, 19 anos, concorda com os eventos serem pagos, para ajudar os artistas que se dedicam, mas afirma que poderiam ser mais baratos e principalmente mais acessíveis.
Maior parte do conteúdo das bandas e cantores de rap já são lançados na internet de forma gratuita, visando apenas a divulgação do trabalho, isso requer que os artistas procurem por outras formas de ganhar dinheiro, portanto, shows e festivais são a melhor maneira de continuarem no jogo. Os eventos gratuitos são organizados além do intuito de chamar a atenção do público e fazê-los se interessar pelo movimento, mas também para atenderem causas sociais, como disse Nissin: “Com a tragédia em Mariana, surgiu um momento bom pra fazer eventos gratuitos para arrecadar alimentos, agasalhos e água. Fizemos um evento aqui em Niterói do Oriente, Ponto de Equilíbrio e Marechal, tudo de graça, e que a entrada era um quilo de alimento não perecível e 1 litro d’água. A gente conseguiu quase 19 toneladas. Então acho que tudo tem sua oportunidade, eu vejo isso como o crescimento do hip hop”.
O “Hip Hop vs Ragga”, por exemplo, que acontecia no Conic, oferecia os ingressos antecipados por R$ 20. Já o Makossa, baile black da cidade, os ingressos do 1º lote custam R$ 50. O Supper Club, que acontecerá dia 10 de Setembro, na Bamboa, com atrações como Tribo da Periferia, estão oferecendo os ingressos do 1º lote por R$ 40. É muito raro encontrar um evento que seja gratuito, mas também não é impossível.
Por Elisa Costa e Júlia Guimarães